Segundo um artigo científico publicado recentemente na revista científica Annals of Hematology, o transplante de sangue do cordão umbilical foi bem sucedido em 81% dos doentes idosos com leucemia considerados no estudo.
A leucemia mieloide aguda é um tipo raro de doença maligna do sangue que, apesar de poder afetar crianças e jovens, apresenta uma maior incidência a partir dos 60 anos, verificando-se 15 casos em cada 100 mil idosos. Nas situações mais graves, o tratamento consiste em quimioterapia, seguida de um transplante de células estaminais hemapotoiéticas, como as que existem na medula óssea. No entanto, os doentes com idade mais avançada têm menor probabilidade de ter um familiar compatível que possa ser dador de células estaminais para transplante.
Em comunicaod, Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, explica que "neste contexto, o sangue do cordão umbilical apresenta-se como uma fonte de células estaminais hemapotoiéticas muito útil, possibilitando que doentes que não dispõem de um dador de medula óssea compatível possam ser tratados recorrendo a um transplante hematopoiético".
Os investigadores deste estudo analisaram a evolução clínica de um grupo de mais de 1.500 doentes japoneses com idades entre os 60 e os 85 anos, transplantados com sangue do cordão umbilical para o tratamento de leucemia mieloide aguda, entre 2002 e 2017. Os doentes foram submetidos a quimioterapia e receberam, de seguida, células estaminais saudáveis, provenientes de sangue do cordão umbilical armazenado num banco de células estaminais, com o objetivo de reconstituir o seu sistema hematológico (de produção de células do sangue).
Os resultados do estudo indicam que 81% dos doentes alcançou a reconstituição hematológica após o transplante, o que demonstra a utilidade do sangue do cordão umbilical na transplantação de doentes com mais de 60 anos com leucemia mieloide aguda.
Verificou-se, ainda, que a idade, por si só, não teve impacto negativo na capacidade de reconstituição hematológica após o transplante. Contudo, observou-se que a idade superior a 70 anos e a presença de outros problemas de saúde, por exemplo do foro pulmonar ou cardíaco, estiveram relacionados com uma menor taxa de sobrevivência neste grupo de doentes, pelo que é importante fazer uma criteriosa seleção dos doentes a transplantar, com base em vários fatores, como a gravidade da doença e outros problemas de saúde que apresentem em simultâneo.
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