O estudo, realizado entre novembro de 2015 e março deste ano, conclui também que na comunidade em questão cerca de 10% dos idosos estão na mesma situação.

O rastreio realizou-se no âmbito do projeto QuaLife+, criado com o objetivo de monitorizar o estado nutricional da população com mais de 65 anos, quer no internamento do CHSJ quer na comunidade das suas áreas de referenciação.

A partir da candidatura do CHSJ ao mecanismo financiado pela Noruega, Islândia e Liechtenstein através dos EEA Grants, surgiu uma parceria do São João com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Porto Oriental e o ACeS Santo Tirso/Trofa.

Na comunidade pretende-se avaliar o risco nutricional de uma amostra representativa da população idosa das áreas de influência. Assim, foi definida uma amostra aleatória de cerca de 1.500 utentes em cada um dos ACES parceiros. No hospital, o objetivo é avaliar todos os doentes internados com mais de 65 anos.

Segundo a coordenadora da Unidade de Nutrição e Dietética do CHSJ e gestora do projeto, Sandra Silva, os resultados gerais do projeto serão conhecidos em 2017.

Desnutrição leva ao aumento da mortalidade

Contudo, a investigadora salientou que desde que se iniciou o rastreio, em novembro de 2015, e até março de 2016, quatro mil idosos foram submetidos ao rastreio nutricional, dos quais cerca de metade se encontra em risco de desnutrição.

Sabe-se que “a desnutrição leva ao aumento da morbilidade, do tempo de internamento, de readmissões e da mortalidade”, sublinhou Sandra Silva.

Segundo a gestora do projeto, o QuaLife+ possibilitou “equipar todo o hospital com diferentes tipos de balanças mais adequados à prática hospitalar e a todas as condições clínicas (por exemplo doentes acamados ou em cadeira de rodas) e que permitirão a todos os profissionais de saúde poderem facilmente recolher indicadores importantes do estado nutricional dos doentes na admissão e durante o internamento, incluindo a estatura, o peso e a composição corporal”.

“Este projeto, de cariz multidisciplinar, envolve outros profissionais para além dos nutricionistas, em concreto, os enfermeiros na avaliação do risco e os médicos na discussão das medidas a implementar, permitindo uma maior sensibilização e alerta para a fragilidade desta população”, acrescentou.

Sandra Silva referiu, ainda, que “os dados resultantes do rastreio da avaliação do estado nutricional, bem como a tipologia de intervenção nutricional, permitirão uma adequada monitorização do projeto”.

Este financiamento tornou possível, também, a implementação da rede sem fios em todo o hospital, sendo esta considerada uma ferramenta facilitadora no acesso às plataformas clínicas existentes.

Além disso, a nível comunitário, “a estreita relação interinstitucional dos nutricionistas dos cuidados de saúde primários com os seus pares no hospital está a permitir definir estratégias de articulação dos cuidados dos utentes de forma integrada”, disse.