Em declarações à agência Lusa, a diretora de Serviços de Nutrição e Alimentação da DGAV, Ana Paula Bico, explicou que os lotes de goma de alfarroba contaminada estão todos identificados, que os operadores estão "a colaborar ativamente" e que as autoridades competentes estão a verificar o cumprimento das medidas de retirada e recolha impostas.

"Alguns [dos produtos] nem sequer foram produzidos em Portugal. Estão distribuídos pelo Norte e pelo Sul, os lotes estão todos identificados, já foram retirados. A rastreabilidade está a funcionar" afirmou Ana Paula Bico, sublinhando: "nem toda a goma de alfarroba está contaminada".

A responsável acrescentou que a goma de alfarroba é um aditivo autorizado em muitos alimentos como estabilizante ou espessante e aconselhou os consumidores a verificarem a lista de ingredientes dos produtos, onde os aditivos estão classificados pela sua função tecnológica (estabilizante ou espessante) e são indicados ou por escrito (goma de alfarroba) ou com o número (E410), e a contactar os locais de compra.

"As grandes cadeias de distribuição, nas campanhas de fidelização dos clientes, sabem exatamente o que o cliente comprou e não nos é estranho receber uma mensagem no telemóvel a dizer 'comprou uma lasanha que tinha um alergénio não identificado, caso tenha algum problema venha ter connosco’", acrescentou a responsável, frisando que "pelo menos há dois anos" que a grande distribuição faz esses contactos com os seus clientes.

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Ana Paula Bico disse ainda que a DGAV está "a todo o momento a receber informações de toda a Europa sobre lotes que estão a ser identificados para serem retirados", um processo que deverá ainda levar mais dois ou três dias.

A DGAV tinha alertado hoje, em comunicado, para a possibilidade de existência no mercado nacional de alguns géneros alimentícios, como gelados, com goma de alfarroba contaminada com um pesticida cancerígeno que representa um grave risco para a saúde.

Nessa nota, explicava que tinham sido identificados, em junho, e notificados através do sistema de Rapid Alert System for Food and Feed (RASFF), alguns géneros alimentícios produzidos com goma de alfarroba (aditivo alimentar E 410) contaminada com óxido de etileno.

Segundo a DGAV, o óxido de etileno é um pesticida não autorizado que “constitui um risco grave para a saúde humana”, uma vez que “está classificado como mutagénico da categoria 1B, cancerígeno da categoria 1B e tóxico para a reprodução da categoria 1B”.

Tendo em consideração os seus efeitos para a saúde, os estados-membros concluíram que, para os produtos que contêm o aditivo E 410 contaminado com o óxido de etileno, “não é possível definir um nível seguro de exposição para os consumidores”, o que significa que a exposição a qualquer teor representa um potencial risco, acrescentava.

Para assegurar um alto nível de proteção da saúde dos consumidores, a DGAV tinha dito que os operadores devem informar as autoridades de todos os produtos em que a goma de alfarroba contaminada tenha sido utilizada, de modo a garantir que eram retirados do mercado.

A comunicação por parte dos operadores deve ser feita através do endereço rasff@dgav.pt, com cópia para o endereço secDSMDS@dgav.pt.

A DGAV alarga estas cuidados aos produtos que já estão em casa do consumidor, para que estes possam ser devolvidos.