Desde que foi criada, em 2017, a associação recebeu 594 pedidos de ajuda, quase cem por cada ano de existência.
Em 2022 a Quebrar o Silêncio “voltou a registar um aumento nos pedidos de ajuda”, tendo 127 homens ou rapazes vítimas de abusos sexuais procurado a associação, o que representa “uma média de 10,5 novos casos por mês”.
“Janeiro e setembro foram os meses com a maior procura, tendo a associação registado 18 novos pedidos em cada um destes meses”, revelou a associação, no dia do seu aniversário.
De acordo com o presidente da associação, Ângelo Fernandes, a Quebrar o Silêncio registou um aumento no número de casos de 20% entre 2020 e 2021 e de cerca de 15% entre 2021 e 2022.
Mário, 56 anos, conheceu a associação através de um amigo, quando já nada o preenchia e só queria morrer. Vítima de abusos sexuais de forma continuada durante toda a vida, contou à Lusa que a “primeira recordação” que tem é de ter sido abusado por um grupo de jovens, quando tinha cinco anos.
“O apoio dado foi crucial para voltar a sorrir e abraçar a vida”, admitiu, revelando que hoje se sente uma pessoa capaz de dizer ‘não’, “mais assertiva e sem sentimentos de culpa”, depois das várias consultas na associação que o ajudaram a reerguer-se de “uma profunda depressão”.
Graças à Quebrar o Silêncio, Mário aprendeu a “aceitar o passado e a viver o presente”, a não silenciar a dor ou os medos e a enfrentar os problemas de frente.
“Acima de tudo, aprendi a não ter sentimentos de culpa. Já gosto de mim, já cuido de mim, já me olho ao espelho”, disse.
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