"Pêras, uvas e maçãs têm sempre uma grande quantidade de pesticidas", começa por alertar Paulo Fernandes, chefe da Divisão de Análises Veterinárias e Agroalimentares do Laboratório de Veterinária e Segurança Alimentar da ilha da Madeira.

Só numa maçã, este laboratório conseguiu despistar 12 pesticidades diferentes. Nenhum desses químicos excedeu os limites legais. "Mas isso não nos deixa mais confortáveis, porque no mínimo existe um efeito somativo" no organismo, acrescenta o especialista em declarações à RTP.

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O Laboratório de Veterinária e Segurança Alimentar da Madeira realizou 180 mil análises em 600 produtos regionais e detetou entre 40% a 50% dos produtos com pesticidades, sendo 5% a 7% acima do limite máximo de resíduos.

Ainda assim, um estudo da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar vai mais longe: este organismo europeu analisou mais de 84 mil amostras de alimentos em 2015 e detetou vestígios de pesticidas em 97,2% dos produtos, a maioria dentro dos limites legais.

Ainda assim, 28% dos alimentos despistados apresentavam vestígios de "cocktails de pesticidas", ou seja, uma concentração de vários químicos.

Morangos no topo da lista negra

A organização não governamental Environmental Working Group (EWG), cujo relatório de 2018 foi recentemente divulgado, analisou 47 frutas e vegetais que estão no topo das preferências dos consumidores.

Estes testes foram realizados em mais de 38.800 amostras de vegetais produzidos através de agricultura convencional não biológica. Antes de efetuarem os testes, os investigadores lavaram os alimentos para imitar práticas comuns à maioria dos consumidores.

Pelo terceiro ano consecutivo, os morangos surgem no topo da lista das frutas e vegetais com maior predominância de praguicidas. Segundo este estudo, uma só amostra de morangos revelou conter resíduos de cerca de 20 pesticidas. O relatório frisa também que um terço de todas as amostras tinha dez ou mais pesticidas.

O relatório indica ainda que 70% das produções analisadas estavam contaminadas com estes químicos. Depois dos morangos, os alimentos que surgem na lista como os mais contaminados são os espinafres, seguidos das nectarinas, maçãs, uvas, pêssegos, cerejas, pêras, tomates, aipo, batatas e pimentão doce.