“Nós temos assistido a uma degradação significativa dos cuidados de saúde, quer a nível hospitalar, quer a nível dos centros de saúde. Temos de mais de um milhão de meio de portugueses sem médico de família, temos urgências que fecham e urgências obstétricas que fecham e obrigam as grávidas a fazer longas viagens para poder ter a sua criança, temos uma falta gritante de profissionais nas diferentes áreas - médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, auxiliares, administrativos”, afirmou.

Joaquim Miranda Sarmento falava na abertura de uma conferência parlamentar organizada pelo PSD, com o tema “O êxodo dos profissionais de saúde do SNS” e considerou que a “situação atual do SNS é algo que deve preocupar a todos enquanto país”.

O presidente do Grupo Parlamentar do PSD assinalou que “o SNS é a construção mais importante que o país fez nos últimos 50 anos, é o instrumento mais poderoso das políticas públicas para corrigir desigualdades” e alertou que, “sem o SNS, boa parte dos portugueses não tem acesso aos cuidados de saúde por insuficiência económica”.

“E por isso é preciso não só preservar a estabilidade e a sustentabilidade do SNS, garantir a sua eficiência e garantir que todos os portugueses quando precisam de cuidados de saúde têm acesso a esses cuidados de saúde, não só em termos de qualidade, mas também em termos rapidez, por forma a que, dentro daquilo que é possível na medicina, sejam tratados e curados”, defendeu o deputado.

Apontando que o SNS “passa pelo seu momento mais difícil”, Joaquim Miranda Sarmento traçou o diagnóstico: “o que resulta do facto de nos últimos sete, oito anos ter havido uma total ausência, quer de reformas e de medidas que permitam melhorar a eficiência do SNS, quer de investimento no próprio serviço”.

“A pandemia acelerou o processo de degradação, trouxe desafios muito significativos, mas hoje é claro para todos os portugueses que o SNS não é capaz de dar a resposta que muitos portugueses precisam quando têm necessidade de cuidados de saúde”, apontou.

Miranda Sarmento considerou que “isso passa também pelo facto de que muitos profissionais de saúde não consideram neste momento que a carreira no SNS seja aliciante, por diversas razões”.

“Não apenas por questões financeiras, mas também por questões de evolução na carreira, perspetivas de trabalho, de investigação, como compatibilizar o tempo de trabalho com o tempo de lazer e de família”, elencou o social-democrata.

O líder parlamentar do PSD disse que é “exigido cada vez mais tempo, dedicação” aos profissionais de saúde, “mas sem que haja por parte das instituições públicas a necessária contrapartida”.

A conferência parlamentar “O êxodo dos profissionais de saúde do SNS”, organizada pelo PSD, decorre durante a manhã na Assembleia da República, em Lisboa, com intervenções de representantes das ordens dos médicos, enfermeiros, farmacêuticos e psicólogos, além de vários sindicatos e também testemunhos de profissionais que deixaram o SNS.