6 de junho de 2014 - 14h33
O presidente do Hospital de Santarém assumiu, perante a Assembleia Municipal local, que o serviço de Urgência Geral da unidade é de “qualidade duvidosa”, o que atribuiu à necessidade de contratar médicos através de empresas prestadoras de serviços.
José Josué, respondendo a questões colocadas pelos partidos com assento na Assembleia Municipal de Santarém, numa sessão sobre a situação da saúde no concelho, na quinta-feira à noite, admitiu preocupação em relação à qualidade dos serviços prestados nas Urgências e em assegurar que “não tenham efeitos nocivos”.
Este responsável disse ter já comunicado essa preocupação por escrito ao Ministério da Saúde e adiantou que o Hospital Distrital de Santarém (HDS) está a procurar empresas de prestação de serviços que garantam a contratação de especialistas para abandonar a contratação de clínicos sem especialidade, que têm assegurado o funcionamento das Urgências.
José Josué sublinhou que estes “problemas graves” apenas se colocam na Urgência Geral, já que as de especialidade, como Pediatria ou Obstetrícia, são asseguradas por especialistas do hospital.
O presidente do HDS disse haver dificuldade em compor diariamente as equipas médicas da Urgência Geral, porque o corpo interno “é escasso”, referindo o elevado número de clínicos que tem atingido a idade da reforma e a redução de médicos formados determinada pela imposição de “numerus clausus”.
“O nível da qualidade da Urgência está abaixo do que desejamos”, afirmou, admitindo que “com frequência” são “rejeitados médicos” por não revelarem a qualidade necessária.
José Josué frisou, contudo, que apesar desta dificuldade o HDS é um hospital “muito bem dimensionado para a procura que tem, tecnicamente bom e com uma boa diferenciação”, tendo uma “boa cultura assistencial”.
O presidente do HDS realçou o facto de os seus 150 médicos efetivos serem responsáveis pela formação de 120 internistas, o que considerou demonstrativo da competência do seu corpo clínico, e apontou serviços considerados de referência a nível nacional, nomeadamente em Oncologia (sendo o sexto no país em número de doentes) ou Obstetrícia.
Admitindo que em 30 anos de funcionamento haja estruturas “ultrapassadas”, como acontece com o Bloco Operatório (com um projeto de remodelação em carteira), José Josué referiu o esforço feito nos últimos anos, com investimentos da ordem dos 20 milhões de euros.
O presidente do HDS afirmou que recebe em média uma reclamação por dia, mais de metade das quais relativas às Urgências e, destas, mais de metade devido aos tempos de espera, assegurando que mesmo as que “às vezes surgem sem razão” são valorizadas.
Por Lusa