“A comunicação com o público, com os políticos e com as agências reguladoras é algo com que, infelizmente, nem todos os cientistas sabem lidar. Precisamos de comunicar melhor a nossa investigação e traduzirmos aquilo que fazemos para que as pessoas percebam qual o seu impacto”, afirmou Félix Carvalho, à margem do 4.º Congresso Internacional de Toxicologia que decorre desde quarta-feira, e termina hoje, num hotel em Matosinhos, distrito do Porto.

Em declarações à Lusa, Félix Carvalho, também professor da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, considerou que, para que a informação tenha impacto e seja considerada “forte e fidedigna”, é “necessário um esforço muito grande” dos investigadores.

Há determinadas situações e movimentos, como foi o caso da gripe das aves, que originam, por parte da população e do governo, um grande pânico e uma reação que custa milhões de euros ao país, sem que isso se traduza em qualquer benefício

“É necessário um esforço muito grande para que o conhecimento se possa traduzir numa melhoria das condições das populações, assim como numa melhoria dos gastos com a saúde. Nós, enquanto cientistas e investigadores, temos a responsabilidade de aumentarmos a transmissão de conhecimentos na área da toxicologia”, frisou.

Numa sessão em que os investigadores debateram o impacto, quer para a saúde pública, mas também ambiental, do desperdício de plástico, da utilização de pesticidas e dos antibióticos, Félix Carvalho salientou ainda a necessidade de se “evitar situações que criam o pânico”.

“Por vezes, há determinadas situações e movimentos, como foi o caso da gripe das aves, que originam, por parte da população e do governo, um grande pânico e uma reação que custa milhões de euros ao país, sem que isso se traduza em qualquer benefício”, exemplificou.

O 4.º Congresso Internacional de Toxicologia, promovido pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, conta com a presença de cerca de 200 investigadores, oriundos de 27 países.

Segundo o responsável pelo congresso e também investigador do ISPUP, João Paulo Teixeira, o evento possibilita "divulgar o trabalho feito em Portugal" e dá "a oportunidade aos jovens investigadores de contactarem com os especialistas da toxicologia".

“Ao contactarmos com os especialistas mundiais da área da toxicologia, explicarmos o que estamos a desenvolver e aquilo que ambicionamos fazer, este congresso permitiu trazer valor a Portugal, ganhar projeção a nível mundial e celebrar novas colaborações”, acrescentou João Paulo Teixeira.