Ressalvando não ter outras informação sobre o que o Governo pondera fazer, além do que é público, Fernando Medina (PS) disse que “racionalmente” admite mesmo que “outras medidas possam vir a ser tomadas”, a par dos períodos de maior confinamento.

“Relativamente daquilo que vejo da evolução dos números, eu acho que vamos ter que seguir este caminho, vamos ter que apoiar este caminho, vamos ter que nos reforçar emocionalmente e socialmente e coletivamente relativamente a este caminho”, afirmou, durante a Assembleia Municipal de Lisboa, que decorre esta tarde.

Depois de fazer um balanço sobre a evolução da pandemia na Europa, o presidente da Câmara de Lisboa falou sobre a situação em Portugal, salientando que, apesar de a sul os números de novos infetados, internamentos e mortes serem neste momento menores do que no norte do país, não “há nenhuma razão para descansar”.

“Não há nenhuma razão para descansar, não podemos descansar sobre nenhuma razão geográfica ou sociológica de antecipação de que a realidade não venha a piorar na região sul”, afirmou.

Por isso, referiu, parece ser claro que nas próximas semanas, e possivelmente nos próximos meses, haja “uma necessidade de confinamentos mais ou menos alargados geograficamente, mais ou menos alargados setorialmente”.

“Não posso senão apoiar esta decisão e este modo de enfrentarmos a pandemia desta forma porque o cenário alternativo é chegarmos aos limites no nosso Serviço Nacional de Saúde e haver a necessidade de fazer escolhas que ninguém quer que sejam feitas”, disse, insistindo que, apesar de Lisboa não ser neste momento das regiões mais afetadas pela pandemia, embora apresente perto de 600 casos de contágio pelo novo coronavírus por 100 mil habitantes, não se pode excluir uma evolução negativa, até porque é uma zona densamente povoada.

“A pandemia vive do contacto, da relação das pessoas, não podemos dizer que não acontecerá”, salientou.

A este propósito, o presidente da Câmara de Lisboa recordou que está já “pré anunciado que, se necessário for, haverá novo confinamento mais alargado nos fins de semana do inicio de dezembro, apanhando quatro dias de cada vez, apanhando a ponte entre os dois feriados do início de dezembro”.

Fernando Medina apelou ainda à recuperação dos “laços de unidade que houve na primeira fase desta pandemia e que neste momento estão menos sólidos”, do ponto de vista do diálogo político e social, no sentido de um maior entendimento político e social, “para que coletivamente” se possa ultrapassar este período.

Na intervenção inicial que fez na reunião da Assembleia Municipal, Fernando Medina recordou ainda aos deputados municipais as medidas de apoio à restauração, comércio e setor social que foram anunciadas na semana passada pelo município.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.328.048 mortos resultantes de mais de 55 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Portugal contabiliza pelo menos 3.553 mortos associados à covid-19 em 230.124 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 191 concelhos, entre os quais Lisboa.

Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23:00 e as 05:00, enquanto nos fins de semana a circulação está limitada entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e entre as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

VAM // MCL

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