Embora nos países do Sul da Europa os níveis de consumo não se tenham alterado de forma significativa nos últimos anos, o mesmo não tem acontecido em alguns países do Leste, onde se observou uma quebra acentuada. Tal levou Portugal, mas também outros países, a ultrapassar a Rússia no que ao consumo de álcool puro per capita diz respeito.

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O último estudo da Organização Mundial de Saúde indica que o consumo nacional anual per capita de álcool puro é de 12,3 litros por ano, face aos 9,8 litros de média europeia, e de 11,7 na Federação Russa. No topo do ranking está a República da Moldávia, com 15,2 litros per capita.

Bebidas mais caras?

O aumento do preço das bebidas alcoólicas e a diminuição da exposição ao marketing e consumo são as metas do plano europeu da Organização Mundial de Saúde (OMS) que está a ser debatido por especialistas reunidos até esta terça-feira em Santo Tirso.

Mas há ainda uma terceira área específica em que a organização preconiza um maior investimento: a disponibilidade e o acesso a bebidas alcoólicas, nomeadamente junto a escolas.

Trinta organizações nacionais e internacionais em representação de 15 países debatem a implementação do Plano Europeu de Ação para a redução do consumo de álcool, no período 2012-2020, procurando obter respostas para os resultados que ficaram aquém das metas, informou Carina Ferreira Borges, do escritório regional da OMS em Portugal.

Numa altura em que em Portugal, segundo o comunicado, o número de mortes ligadas ao álcool é muito elevado entre jovens - uma em cada sete mortes entre os 15 e os 19 anos e uma em cada cinco mortes entre os 20 e os 24 - a especialista quer mais medidas a nível interno.

"Quando olhamos para a situação de Portugal verificamos que existe mais espaço para a implementação destas três áreas específicas", começou por dizer a responsável da OMS em Portugal. "Julgo que existe também vontade política. As áreas do marketing e do preço das bebidas terão um grande impacto em termos da redução da mortalidade ligada ao álcool e Portugal tem uma mortalidade que é importante e que precisa de ser mudada".

Partindo do país para o mundo, Carina Ferreira Borges alertou que "os dados atuais não são bons" com a estatística conclui ocorrerem, "por ano, mais de um milhão de mortes que são atribuídas ao álcool", razão para o qual quer aquela organização mais respostas por parte dos governos.

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Segundo a especialista, há "estudos que mostram que [as medidas] são relativamente fáceis e economicamente viáveis de implementar", elencando o "aumento do preço das bebidas alcoólicas, para diminuir a disponibilidade que existe ao consumo" e o "marketing, pois quem está exposto consome mais, e nos jovens é extremamente problemático, porque não só consomem mais como de uma maneira diferente, com maiores danos".

Do conjunto de recomendações em análise em Santo Tirso, faz também parte "a disponibilidade, ou seja, o acesso perto de escolas" dos jovens às bebidas alcoólicas que a OMS quer eliminar.

A título de exemplo, Carina Ferreira Borges citou o caso da Rússia, "hoje em dia um dos países onde menos se consome [álcool], precisando ser "menos de que noutros países" onde esperariam "houvesse menor consumo".

Na base da redução, explicou a responsável da OMS, estiveram "medidas ligadas ao estabelecimento de um preço mínimo nas bebidas alcoólicas", situação também registada "na Escócia, com muita resistência por parte da indústria das bebidas alcoólicas, e que levou a grandes discussões ao nível dos tribunais tendo, inclusive, chegado ao tribunal europeu".

"Temos hoje suficiente evidência científica que nos permite dizer que há coisas que têm de ser mudadas. Não podemos manter os mesmos discursos. Como aconteceu na área do tabaco, a partir do momento em que tivemos mais evidência científica mudámos. A mesma coisa terá de acontecer na área do álcool", argumentou.

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Da parte da autarquia, o presidente Joaquim Couto alertou para o "paradoxo" de as pessoas "todos os dias desmesuradamente" consumirem "álcool, sal, gorduras e açúcar" e depois se queixarem quando estão "doentes por causa dessas substâncias", de o "Serviço Nacional de Saúde não ser suficientemente expedito para curar".

"Vamos então evitar a doença, promovendo a saúde e diminuindo os consumos do álcool, do sal, das gorduras e do açúcar", alertou.