A Fundação Portuguesa de Cardiologia lançou hoje uma campanha de candidatura da dieta mediterrânica à UNESCO, por ser uma alimentação que reduz o risco de acidentes cardíacos e simultaneamente promove internacionalmente o país.
Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), destaca que Portugal tem uma população de origem mediterrânica e tem um clima mediterrânico, que condiciona a agricultura.
“Temos o azeite, temos o vinho, muita hortaliça, muita fruta mediterrânica, muito peixe da costa portuguesa, que é de água fria. Temos uma alimentação considerada por muitos países como a mais saudável, mas que em Portugal está em retracção devido à invasão da fast food”, alertou.
Por isso, o presidente da FPC considera importante que a dieta mediterrânica seja reconhecida pela Unesco, para lhe dar mais visibilidade.
“Como somos produtores de alimentos mediterrânicos, isso vai valorizar os nossos produtos, os nossos restaurantes, o turismo, e podemos ser melhores vendedores da alimentação mediterrânica”, disse, acrescentando que actualmente há uma “receptividade muito grande a esta dieta nos Estados Unidos da América e no norte da Europa, de que iríamos beneficiar”.
Para a campanha de candidatura, a FPC contou com o apoio de um grupo de “Mulheres de Vermelho” apoiante da dieta mediterrânica na prevenção de doenças cardiovasculares. Trata-se de uma série de figuras públicas que decidiram dar a cara por esta causa, chamando a atenção para o coração das mulheres, mais vulnerável do que se julga.
“Há uma ideia errada de que as mulheres sofrem do coração mas não morrem do coração e de que os homens não sofrem do coração mas morrem dele. É mentira. A doença cardíaca é a principal causa de morte das mulheres em Portugal e no mundo. Mata mais do que o cancro e é mais fácil de evitar do que o cancro da mama”, sublinhou Manuel Carrageta.
Maria Barroso, a ministra da Saúde, as deputadas Teresa Caeiro e Maria José Nogueira Pinto e a cantora Teresa Salgueiro são algumas destas “mulheres de vermelho”.
O objectivo é apelar ao Governo para que este adopte medidas com vista à inscrição da Dieta Mediterrânica na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.
No arranque da campanha de candidatura foi lançada também uma petição online (http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N3248), cujo objectivo é precisamente reunir assinaturas para a FPC apresentar à Unesco.
A candidatura da dieta mediterrânica apresentada conjuntamente pela Grécia, Itália, Espanha e Marrocos, será votada na próxima Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que decorrerá de 15 a 19 de Novembro de 2010, em Nairobi, Quénia.
Manuel Carrageta lembrou que em Portugal, 35 por cento da população morre de doença cardíaca.
Fonte: Lusa
2010-10-15
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