29 de janeiro de 2013 - 17h02
Uma análise ao pó dos aspiradores de 27 casas de Aveiro e Coimbra, feita por uma equipa da Universidade de Aveiro, detetou "níveis preocupantes" de compostos orgânicos de estanho, que podem ser cancerígenos e promover obesidade.
Os compostos orgânicos de estanho são utilizados tradicionalmente em tintas para cobrir os cascos dos navios e usados em papel de parede, espumas, silicones, PVC´s e em vários produtos presentes no quotidiano, como roupas ou brinquedos.
Estudos científicos indicam que interferem com o funcionamento hormonal, podem ser cancerígenos, diminuem a eficácia do sistema imunológico e promovem a obesidade.
O trabalho da equipa do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro resulta da recolha e estudo do pó, onde os compostos estão presentes devido, em grande parte, à degradação dos materiais de 27 casas distribuídas pelas cidades de Aveiro e Coimbra.
"O pó funciona como repositório e como concentrador dos compostos orgânicos de estanho, que vão sendo libertados devido ao desgaste dos materiais usados no dia-a-dia, e de algum que é trazido da rua para dentro de casa pelos moradores", explica a bióloga Ana Sousa, coordenadora do estudo.
“Os valores altos encontrados não podem ser extrapolados para todas as casas portuguesas, mas servem de indicação para o que pode estar a acontecer", lembra Ana Sousa.
Limpar e aspirar mais vezes a casa, mantendo o chão o mais limpo possível, principalmente quando há crianças entre os seus habitantes, é uma das recomendações de Ana Sousa.
"Além da presença desses compostos no pó, ainda os temos na água que bebemos e que nos chega por tubos de PVC", alerta a investigadora, que acrescenta que ainda há níveis elevados nos alimentos provindos do mar, já que esses compostos foram também usados em cascos de embarcações ou em estruturas submersas para prevenir a adesão de organismos, até serem proibidos para esse fim em 2008.
"Somando tudo, podemos estar a ser sujeitos à ingestão de altos valores de compostos orgânicos de estanho", alerta Ana Sousa, especialista em ecotoxicologia, atualmente a desenvolver um Pós-Doutoramento entre a UA, a Universidade da Beira Interior e o Centro de Estudos Marinhos e Ambientais, da Universidade de Ehime, no Japão, para onde o pó português foi levado e analisado.
SAPO Saúde com Lusa