"As campanhas tiveram algum efeito em vários aspetos, por exemplo promoveram bastante a vacinação, que aumentou muito nos últimos anos, sobretudo contra a gripe, obviamente também com a gratuitidade das vacinas para pessoas acima dos 65 anos", salientou à agência Lusa o diretor do Serviço de Pneumologia A do CHUC.

Segundo Carlos Robalo Cordeiro, não é apenas a população com mais de 65 anos que se vacina contra a gripe nesta altura do ano, é também a população com doenças crónicas ou profissionais de saúde.

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Nestes setores, a vacinação "também aumentou significativamente e isso foi também resultado das campanhas", acrescentou o especialista, que hoje apresenta o livro SPP - Uma Estratégia de Comunicação, no Algarve, no decorrer do XXXIV Congresso Nacional de Pneumologia.

Na quinta-feira à noite, na sessão de abertura, Carlos Robalo Cordeiro recebeu a medalha de ouro da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, da qual foi presidente entre 2010 a 2015. "O livro [Uma Estratégia de Comunicação] retrata, de alguma forma, aquilo que aconteceu durante os seis anos em que fui presidente, tem muito a ver com um modelo ou paradigma de comunicação que foi decisivo para colocar a doença respiratória e a promoção da saúde na agenda mediática e na agenda estratégica da saúde em Portugal", explicou.

Além da prevenção vacinal, o pneumologista considera que se melhorou também "significativamente na prevenção tabágica, com os dados a apontarem para uma diminuição, ainda que os números sejam envergonhados, mas há uma diminuição".

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Salientando que houve melhorias, o médico refere que "ainda há muito a fazer", sobretudo a este nível, em "que Portugal está um pouco atrasado, ao contrário de outros países, com uma legislação um pouco envergonhada, porque também se começou tarde a olhar para esta situação".

Segundo Carlos Robalo Cordeiro, se se "olhar para países em que a legislação tem sido mais arrojada, na proibição tabágica e de outros dispositivos em locais públicos, como é no Canadá, Austrália e Irlanda, os resultados da diminuição da prevalência de fumadores na população desses países e a repercussão em doença é muito notório". "Devo dizer que a indústria tabaqueira é muito ardilosa e inteligente nesta derivação do tabaco para estas novas formas, em que não deixam de ser consumidas substâncias nocivas para a saúde, eventualmente em menor dose", disse.

Ao nível da pneumonia, Carlos Robalo Cordeiro fala em "números assustadores, sobretudo acima dos 65 anos, em que a diferença é enorme acima ou abaixo dessa idade. Portanto, na população mais idosa e se caminharmos para grupos etários mais avançados, é ainda mais gritante a repercussão na mortalidade, nomeadamente ao nível hospitalar". "É acima dos 75, dos 80 e dos 85 a principal causa de morte nos hospitais. Pensa-se que possam morrer por dia cerca de 20 pessoas por dia com pneumonia em Portugal, o que é um peso bastante significativo".