O facto de terem sido identificados casos em vários países em simultâneo já levou as autoridades a admitirem que o vírus estivesse a circular há algum tempo antes de ser detetado, o que está a dificultar a caracterização do percurso epidemiológico do surto.
Quantos casos já foram confirmados na Europa?
De acordo com os dados atualizados hoje pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), desde 07 de maio, quando o Reino Unido reportou o primeiro caso, já foram confirmados 704 casos em 18 países europeus, mas sem registo de qualquer morte, e 1.176 em todo o mundo.
Quantos casos já foram confirmados em Portugal?
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), foram confirmados em Portugal 231 casos de infeção pelo Monkeypox, todos em homens entre os 19 e os 61 anos, com a maioria a ter menos de 40 anos, que estão em acompanhamento clínico e estáveis.
A maioria das infeções foi reportada em Lisboa e Vale do Tejo, mas há também registos de casos nas regiões Norte e Algarve.
Qual a avaliação de risco da doença Monkeypox?
A manifestação clínica da Monkeypox é geralmente ligeira, com a maioria das pessoas infetadas a recuperar em poucas semanas.
O ECDC considera que, embora a maioria dos casos tenha mostrado sintomas leves da doença, o vírus MPXV pode causar doença grave em certos grupos populacionais, como crianças jovens, mulheres grávidas e pessoas imunodeprimidas.
No entanto, a probabilidade de casos com morbilidade grave ainda não pode ser estimada com precisão, admite o centro europeu, que avalia a doença como de risco moderado para pessoas com múltiplos parceiros sexuais e baixo para a população em geral.
Quais são os sintomas da infeção?
Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, nódulos linfáticos inchados, calafrios, exaustão, evoluindo para uma erupção cutânea.
O período de incubação é tipicamente de seis a 16 dias, mas pode chegar aos 21 e, quando a crosta cai, uma pessoa deixa de ser infeciosa.
Quem corre o risco de ser infetado pelo Monkeypox?
Qualquer pessoa que tenha um contacto físico próximo com alguém infetado com o Monkeypox está em maior risco de infeção.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as pessoas que foram vacinadas contra a varíola são suscetíveis de ter alguma proteção contra a doença.
Os recém-nascidos, crianças e pessoas com deficiências imunitárias podem estar em risco de apresentarem sintomas mais graves, assim como os profissionais de saúde devido à sua exposição mais prolongada ao vírus.
Onde existe a doença?
Desde 1970, foram registados casos humanos de Monkeypox em 11 países africanos – Benim, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul.
Ocasionalmente, têm ocorrido casos em países não endémicos da doença, a maioria dos quais em pessoas que viajaram para países africanos onde a Monkeypox está ativa.
Em maio foi detetado o atual surto em vários países, com um padrão que a OMS reconhece não ser típico desta da doença, o que indicia que o vírus estaria a circular muito antes de ser detetado pelas autoridades de saúde.
Existe o risco de o surto aumentar?
A Monkeypox não é considerada muito contagiosa porque requer um contacto físico próximo com alguém que é infeccioso. Perante isso, a OMS considera que o risco para a população em geral é baixo.
No entanto, a organização está a responder ao surto com “alta prioridade”, no sentido de identificar a forma como o vírus se está a espalhar, no sentido de evitar a propagação de cadeias de transmissão.
A Monkeypox é uma infeção sexualmente transmissível?
Este vírus pode transmitir-se de uma pessoa para outra através de um contacto físico próximo, incluindo contacto sexual.
Atualmente os especialistas ainda não determinaram se o vírus pode ser transmitido através de sémen ou fluidos vaginais, mas o contacto direto com lesões durante o ato sexual pode ser um meio de transmissão.
De acordo com a OMS, o risco de infeção não se limita, assim, a pessoas sexualmente ativas ou homens que fazem sexo com homens, uma vez que qualquer pessoa que tenha contacto físico próximo com alguém infecioso pode estar em risco.
Porque é que esta doença é popularmente conhecida com "varíola dos macacos"?
A doença foi identificada pela primeira vez em colónias de macacos mantidos em cativeiro para pesquisas científicas em 1958.
Só mais tarde foi detetada em humanos, em 1970, na República Democrática do Congo, numa criança de nove meses numa região onde a varíola tinha sido eliminada em 1968.
Existem vacinas contra a Monkeypox?
As vacinas utilizadas para a erradicação da varíola também proporcionam proteção contra a Monkeypox, mas já foi desenvolvida uma vacinas mais recente e específica para este vírus.
Vários estudos indicam que as vacinas contra a varíola são cerca de 85% eficazes na prevenção da Monkeypox.
Em 2019, foi aprovada uma nova vacina de duas doses, mas que, segundo a OMS, permanece com uma disponibilidade limitada.
Está prevista vacinação em Portugal?
A DGS admite que venha a ser administrada uma vacina contra a varíola humana para conter cadeias de transmissão do vírus, mas “sempre medido o risco e o benefício” desta imunização.
Segundo a diretora-geral, Graça Freitas, está a ser equacionada a utilização em Portugal da vacina autorizada nos Estados Unidos para ser usada em determinadas circunstâncias em relação à infeção humana pelo vírus Monkeypox.
De acordo com autoridade de saúde, o facto de os casos de infeção registados em Portugal não terem apresentado gravidade fez com que o país não tenha adotado uma estratégia agressiva de vacinação.
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