Paulo Simões, presidente do Conselho Regional Sul da OM, visitou hoje o serviço de Medicina Interna do HDS, na sequência de várias cartas e ‘emails’ relatando uma situação que, disse à Lusa, “está a aproximar-se do limite do que é exequível para o serviço funcionar”.
Salientando que a Medicina Interna do HDS conta atualmente com 170 camas, Paulo Simões afirmou que, dos 40 especialistas que seriam necessários para assegurar o internamento e a urgência geral, apenas existem 17, além de 11 internos.
“Portanto, estamos perante uma situação muito grave”, disse, lembrando que se aproxima o período de férias, com “uma redução ainda maior do número de médicos disponíveis para assegurar o normal funcionamento dos serviços”.
A visita de hoje deveu-se aos alertas recebidos pela Ordem e ao conhecimento de que o diretor do serviço, Luís Siopa, “tenha sentido necessidade de dar um grito”, apresentando o pedido de demissão na segunda-feira, afirmou.
“Significa que considera que não tem as condições necessárias e suficientes para cumprir a sua função enquanto diretor de serviços e fico mais preocupado ainda porque sei que é um médico dedicado, que fez todo o seu trajeto pessoal e profissional neste hospital. Sempre vestiu a camisola”, acrescentou.
Paulo Simões referiu ainda ter saído da visita ao HDS “com muitas preocupações”, por não existir “nenhum plano de contingência para ultrapassar esta situação” e recear que, ao manter-se o número de camas para internamento na Medicina Interna, os doentes possam não ter a assistência devida.
“Há aqui claramente um problema grave que convém que seja apontado o dedo e se tomem medidas, quer a nível do novo CEO do Serviço Nacional de Saúde, quer do próprio Ministério da Saúde”, declarou.
Paulo Simões referiu também os problemas no serviço de Urgência, em particular a “pressão enorme da Ortopedia”, que conta atualmente com cinco médicos, mais dois contratados, aposentados, “que obviamente não chegam para dar cobertura nos sete dias da semana”, acabando “situações do dia-a-dia, nomeadamente o monotrauma”, por ser asseguradas pela Medicina, aumentando a carga sobre os médicos.
Além disso, apontou a situação da Urologia, com três médicos, que “dá uma resposta pontual” entre as 18:00 e as 20:00.
“Duas horas por dia é melhor do que nada, mas o que são estas duas horas? O doente que chega com uma retenção urinária ou qualquer problema urológico não escolhe ‘olha, vou lá às oito horas'”, acrescentou, afirmando que esta é uma realidade que se estende a outras áreas, como, por exemplo, a Gastroenterologia.
“Estamos a chegar realmente ao mínimo dos mínimos”, concluiu.
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