5 de novembro de 2013 - 15h05
A Ordem dos Médicos considera que as críticas ao uso de anéis, pulseiras e gravatas por parte dos médicos são afirmações “avulsas e absurdas” e atribui as infeções hospitalares a outras causas como a falta de pessoal.
Na passada quinta-feira, o secretário de Estado e Adjunto da Saúde disse, durante a apresentação de um relatório sobre infeções e resistência aos antimicrobianos, disse que o governo admitia a proibição dos médicos usarem anéis, pulseiras, alianças ou gravatas.
Há um conjunto de instrumentos - anéis, pulseiras, alianças - que “sabemos que são potenciais veículos de transmissão”, com os quais “as minhas colegas insistem, muito alindadas, em ir trabalhar”, disse Fernando Leal da Costa.
A afirmação não caiu bem à Ordem dos Médicos (OM), para quem “enfatizar os anéis, as pulseiras, as gravatas e os estetoscópios como corresponsáveis principais da elevada taxa de infeções hospitalares em Portugal é impróprio de um alto dignitário do Ministério da Saúde, particularmente quando o ato é acompanhado de comentários brejeiros”.
A Ordem dos Médicos rejeita “meras afirmações avulsas, absurdas e despropositadas, alijadoras das responsabilidades do Ministério da Saúde e que nada de construtivo ou consequente acrescentam a esta gravíssima problemática”, lê-se num comunicado.
Para a Ordem, existem alguns problemas “bem mais graves do que anéis e gravatas e que em muito contribuem para o panorama português quanto à utilização de antibióticos e à taxa de infeções hospitalares, com particulares responsabilidades para o Ministério da Saúde e o Governo”.
Entre os problemas avançados pela OM está a “não contratação de recurso humanos suficientes para hospitais, nomeadamente enfermeiros e auxiliares, o que corrompe a qualidade dos cuidados prestados.
Também a “inadequada limpeza e higienização dos hospitais, incluindo os sistemas de ventilação” e a existência de “instalações inapropriadas, envelhecidas e obsoletas”, bem como as “distâncias entre camas hospitalares que não respeitam regras de segurança” são indicados pela Ordem como problemas mais graves do que os anéis, as pulseiras e as gravatas dos médicos.
Lusa