“Há aqui dificuldades na constituição das equipas. Dificuldades gravíssimas. Não só esta maternidade não dá resposta, como as equipas de urgência estão muito abaixo daquilo que são os números recomendados pela Ordem dos Médicos”, realçou Carlos Cortes, que falava ontem aos jornalistas após uma visita ao Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, onde se reuniu com o Conselho de Administração e com médicos.
“A Ordem dos Médicos (…) quer mostrar que quer ajudar a resolver os problemas. (…) Sou um grande defensor do Serviço Nacional de Saúde (SNS) como pilar de prestação de cuidados para o nosso país. E aquilo que os médicos fizeram nas últimas semanas (…) foi lançar um sinal de alarme para o Ministério da Saúde e para a Direção Executiva para [o SNS] funcionar adequadamente”, observou.
Carlos Cortes também admitiu que tem tido reuniões com a direção do Hospital São Francisco Xavier, que dá apoio a todas as grávidas da área de influência Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) e ao Hospital de Santa Maria.
“Quando um hospital tem de suportar a resposta às grávidas de duas áreas de influência [Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental e Hospital de Santa Maria] há uma pressão, é uma pressão muito grande. (…) É uma situação incomportável, em que falta de recursos humanos e em que infelizmente assistimos a uma paralisia total, a uma total incapacidade de resposta da Direção Executiva e do Ministério da Saúde para uma situação dramática”, acrescentou.
No início de novembro, o ministro da Saúde assegurou que a maternidade do hospital São Francisco Xavier, partilhada com o Hospital de Santa Maria, estava “a funcionar na sua plenitude” e apelou para não se criar alarmismo.
Manuel Pizarro respondia assim a questões dos jornalistas sobre uma notícia do Expresso, segundo a qual os cuidados obstétricos e ginecológicos na área de Lisboa estavam em risco iminente de rutura, porque os serviços partilhados no Hospital de São Francisco Xavier com o Hospital de Santa Maria não tinham os médicos necessários.
O ministro recordou que desde o início foi previsto o recurso às maternidades do setor privado quando a capacidade de resposta fosse ultrapassada na maternidade que agora juntou os serviços de obstetrícia e ginecologia dos hospitais de São Francisco Xavier e Santa Maria devido às obras de requalificação neste hospital.
O serviço de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital Santa Maria, que está a ser alvo de obras de ampliação, está desde agosto concentrado no Hospital São Francisco Xavier, que está a receber os partos e as grávidas acompanhadas no Hospital Santa Maria, com as equipas médicas a rodar entre os dois hospitais.
Carlos Cortes comentou ainda a proposta de um acordo político para a saúde do novo bastonário da Ordem os Enfermeiros (OE), Luís Filipe Barreira, sublinhando que mais do que pactos quer ação.
“Todas as iniciativas para ajudar ao SNS são boas iniciativas, mas eu mais do que acordos, mais do que pactos, mais do que promessas, mais do que intenções, mais do que apontar soluções, quero concretização, quero ação, quero um Ministério da Saúde e um Governo com coragem para resolver os problemas do SNS”, sustentou.
Comentários