O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) afirmou que o ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior deveria fazer uma previsão do número de médicos que o país precisa para "daqui a dez anos", de forma a adequar o número de vagas das faculdades às reais necessidades do país.

"Há uma pressão muito grande com os números. Querem muitos médicos, mas ninguém se preocupa com a qualidade da formação do médico", criticou Carlos Cortes, considerando que Portugal "não pode dizer que hoje há falta" destes profissionais de saúde.

Muitas das lacunas em algumas especialidades médicas "vão ser suprimidas nos próximos anos" e, dentro de dois a três anos, estima-se que "todos os portugueses tenham um médico de família", sublinhou.

O presidente da SRCOM recordou que em 2015 o número de vagas já foi superior à capacidade formativa, tendo ficado de fora "114 candidatos", estimando-se que este ano fiquem "500 a 600" candidatos sem "oportunidade de escolher a sua especialidade", apesar de a capacidade formativa ter também aumentado.

O problema reside, em parte, na falta de previsão do Ministério da Saúde e do Ensino Superior, permitindo que haja "muito mais estudantes a entrar" face à capacidade do país "em formar médicos especialistas", apontou Carlos Cortes, que falava durante a Mostra de Especialidades Médicas (MostrEM), que decorre entre hoje e quarta-feira, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

Segundo Carlos Cortes, "tudo indica" que o mapa de vagas para este ano seja publicado ainda durante esta semana, apelando à Administração Central do Sistema de Saúde para que dê "duas semanas", entre a publicação e o início de concurso, de forma que os candidatos possam escolher a sua especialidade "calmamente".

Durante a MostrEm, discursou também o diretor da FMUC, Duarte Nuno Vieira, que também lançou críticas ao "excesso de médicos que saem da faculdade".

De acordo com Duarte Nuno Vieira, as faculdades nunca defenderam o número de vagas atuais, referindo que a FMUC propôs ao ministério que houvesse uma redução de 20% do número de vagas (passando de 250 para 200) para o ano letivo de 2016/2017.