"Entende o grupo parlamentar que toda esta situação é consequência da manifesta incapacidade do senhor ministro da Saúde para negociar com as classes profissionais do setor", argumentam os centristas no requerimento apresentado na comissão parlamentar de Saúde.

Em conferência de imprensa no parlamento, a deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto disse que o partido não está a posicionar-se relativamente ao protesto dos enfermeiros ou à legalidade da sua greve, mas a "chamar a atenção para aquilo que ela revela".

"Mal seria se o CDS não estivesse preocupado com as questões de saúde. Há consistência e congruência em acompanhar o estado de saúde dos portugueses", afirmou Isabel Galriça Neto.

A deputada reiterou a posição dos centristas de que "as condições da saúde têm-se agravado, relativamente ao período em que o país estava em assistência financeira" e que o CDS tem vindo a fazer a denúncia dessa degradação, não se limitando a abordar hoje o protesto dos enfermeiros.

"Não é uma coisa extemporânea estar aqui hoje", declarou, defendendo que foram criadas expectativas nos profissionais de saúde com medidas como a reposição das 35 horas e a ideia de que "acabara a austeridade".

De acordo com a argumentação exposta no requerimento, o impacto do protesto dos enfermeiros "estará a ser fortíssimo em todo o país", apontando que, segundo os sindicatos, no primeiro dia de greve, na segunda-feira, verificou-se 85% de adesão.

Além da bastonária da Ordem dos Enfermeiros e do bastonário da Ordem dos Médicos, o CDS quer ouvir no parlamento os diretores clínicos e enfermeiros-diretores dos conselhos de administração dos centros hospitalares do Porto, de São João, da Universidade de Coimbra, do Oeste, Lisboa Norte, Lisboa Central e Médio Tejo.

O hospital de Santarém, a unidade de saúde local do Norte Alentejano, hospital Espírito Santo e do Algarve, são outras unidades de saúde relativamente às quais os centristas requerem presença na comissão parlamentar de saúde.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, vai reunir-se ainda hoje com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

Esta madrugada, a adesão à greve dos enfermeiros foi de 86% no primeiro turno, segundo o sindicalista José de Azevedo, que disse esperar que o número venha a subir ao longo do dia.

A greve, marcada Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo Sindicato dos Enfermeiros, é um protesto contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira, que começou às 00:00 de segunda-feira e decorre até às 24:00 de sexta-feira.

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