Em 2000, as Nações Unidas fixaram oito grandes Objetivos do Milénio para 2015, incluindo combater o VIH/SIDA (Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).
A luta feroz da comunidade internacional contra a SIDA - graças a milhares de milhões de euros investidos, dos quais metade pelos Estados Unidos - foi um êxito, de acordo com o relatório da ONUSIDA, apresentado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na conferência internacional sobre o financiamento do desenvolvimento, em Addis Abebe (Etiópia).
Entre 2000 e o ano passado, as novas infeções diminuiram 35,5% para dois milhões de casos. Ainda melhor, as novas infeções em crianças registaram uma descida de 58% no mesmo período.
As mortes relacionadas com a SIDA desceram 41%, para 1,2 milhões, desde o pico de 2004.
"O mundo atingiu o sexto objetivo do milénio para o desenvolvimento. A epidemia foi erradicada e invertida", afirmou Ban Ki-moon.
Em 2014, 83 países travaram a progressão da epidemia, incluindo algumas das nações mais afetadas como a Índia, Quénia, Moçambique, África do Sul e Zimbabué.
O relatório indica também que os esforços realizados permitiram atingiram o alvo, fixado em 2011, de colocar 15 milhões de pessoas a receber tratamentos antiretrovirais (TARV) neste ano, contra apenas um milhão em 2001.
O número de pessoas que vive com o VIH/SIDA continua a aumentar - 36,9 milhões no ano passado, ou mais 700 mil que no ano anterior - por ser possível envelhecer com a doença, devido ao êxito das terapias antiretrovíricas, cada vez mais eficazes e acessíveis.
"Acabar com a epidemia da SIDA (...) até 2030 é ambicioso, mas realista", considerou Ban.
Para isso "são necessários esforços urgentes, de maior escala, nos próximos cinco anos", preveniu a ONU, que pede o investimento de cerca de 29 mil milhões de euros todos os anos até 2020. Este ano foram investidos 19,7 mil milhões.
Na eliminação da epidemia, a ONU fixou objetivos intermédios para 2020, com a fórmula "90-90-90": 90% das pessoas infetadas com o VIH devem saber (atualmente só perto de metade sabe), 90% pessoas que conhecem a sua situação devem seguir um tratamento, 90% dos tratados devem ver a carga viral desaparecer (tornar-se indetetável).
Graças aos fundos, a ONU espera facilitar o acesso aos tratamentos em todo o mundo.
A organização pediu também uma descida dos preços das matérias primas usadas no fabrico dos antiretrovirais e lamentou que apenas duas empresas partilhem 71% do mercado destes medicamentos.
O mercado das meios de diagnóstico é também dominado em 90% por duas empresas, apesar de um aumento da procura.
O tratamento é uma ferramente essencial para acabar com a epidemia da SIDA, mas não é a única, sublinham os peritos, que pedem mais esforços para desenvolver estratégias de prevenção, incluindo a distribuição de preservativos, a eliminação da transmissão mãe-filho (só conseguida, até agora, em Cuba), a multiplicação dos serviços de redução dos riscos para os toxicodependentes ou ainda na luta contra a violência contra as mulheres.
O relatório lamenta também que em 2014 76 países continuem a criminalizar as relações homossexuais e 116 países a criminalizar os trabalhadores do sexo.
O diretor executivo da ONUSIDA, Michel Sidibé, explicou que as Nações Unidas contam com a chegada de uma vacina na próxima década.
A África subsaariana continua a ser a região mais atingida, representando 70% dos casos. Três países apresentaram mais de metade das novas infeções na região em 2014: Nigéria, África do Sul e Uganda.
Mas a região da Ásia-Pacífico, menos afetada com apenas cinco milhões de pessoas seropositivas no ano passado, preocupa a ONU devido a um aumento dos casos. As novas infeções aumentaram 3% entre 2010 e 2014.
A China, a Índia e a Indonésia registaram 78% das novas infeções na região no ano passado.
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