
“Em relação à obesidade infantil temos que apostar na prevenção e podemos começar desde cedo, antes do nascimento da criança. Estudos mostram que o peso da mãe, tipo de alimentação e o aumento de peso excessivo durante a gravidez são fatores de risco para desenvolver obesidade na criança. A prematuridade é também considerada um fator de risco, devido às alterações metabólicas nos prematuros face aos bebés que nascem de termo”, revela Margarida Lobo Antunes, pediatra no Hospital Lusíadas Lisboa.
"A obesidade não escolhe pessoas, porém sabemos que os grupos com maiores dificuldades financeiras são habitualmente os mais afetados. O motivo está relacionado com a ingestão de produtos alimentares mais baratos, ricos em açúcar, sal e gordura”, acrescenta a médica, referindo ainda que “a maior parte dos estudos atuais dizem que temos de apostar mais nos pais. Não podemos apostar apenas nas crianças. Precisamos de mudar primeiro os pais para depois chegar às crianças”.
Obesidade pode dar origem a outras patologias
A obesidade infantil pode ainda dar origem a outros problemas como é o caso da depressão. “Ao contrário dos adolescentes e dos adultos, a depressão nas crianças mais novas pode não ter os mesmos sintomas, nem sempre é a tristeza que predomina e muitas vezes as crianças ficam mais agressivas", revela a pediatra e especialista.
"As crianças obesas são frequentemente vítimas de bullying, mas podem ser também os agressores. Por outro lado, a depressão pode levá-los a isolar-se e a comer mais, aumentando ainda mais o seu peso", alerta Margarida Lobo Antunes, especialista em obesidade e prevenção de doenças cardiovasculares.
Juntar os ingredientes certos pode não ser suficiente e é importante que os pais adotem um conjunto de hábitos mais saudáveis, “temos que sensibilizar a família a trabalhar em conjunto para ajudar a criança. Algumas dicas importantes: passar tempo de qualidade em família e jantar sem ver televisão, não utilizar a comida como recompensa, usar o reforço positivo, dar a escolher alternativas saudáveis (entre duas peças de fruta, por exemplo, e não entre um gelado e uma maçã), não ter tentações à mão e praticar atividade física diariamente”, conclui a pediatra.
Em Portugal, um milhão de pessoas são obesas e 3,5 milhões têm pré-obesidade. O excesso de peso, mais do que uma questão estética é um problema de saúde pública que pode dar origem a diversas doenças que se podem tornar crónicas ou mesmo fatais. Entre as principais consequências surgem os problemas cardíacos, doenças do metabolismo (exemplo: diabetes, colesterol), dificuldades do foro respiratório e perturbações ao nível da reprodução.
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