O diretor do InPP, Pedro Fevereiro, disse à Lusa que espera, nesse prazo, ter duas "provas de conceito" de soluções para controlar duas doenças, a da bactéria 'Xyllela fastidiosa', detetada em plantas como a alfazema mas que afeta também olivais, e a ferrugem amarela, causada por um fungo que ataca o trigo e outros cereais.
Apesar de estar a funcionar parcialmente, com parte da equipa, em rotatividade, por causa da pandemia da covid-19, o laboratório, em Elvas, já começou a fazer a colheita de amostras de plantas para estudar "soluções para os problemas".
Segundo um comunicado, o InPP "está a desenvolver soluções" também para as doenças fúngicas piriculariose e estenfiliose, que atingem, respetivamente, as culturas do arroz e da pera rocha.
Aprovado como laboratório colaborativo (que envolve a associação de várias entidades) em 2018, o InPP só iniciou, na prática, a sua atividade há duas semanas, de acordo com Pedro Fevereiro, biólogo de formação.
Além de o trabalho ter ficado condicionado devido à recente pandemia, houve, antes disso, que assegurar instalações, adquirir equipamentos, contratar alguns investigadores, concertar projetos.
O diretor do InPP estima que o laboratório possa estar a funcionar em pleno no início do próximo ano, depois de feitas todas as obras de remodelação do edifício em Elvas cedido pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), parceiro no InPP, instalados todos os equipamentos e formadas as equipas de investigadores necessárias.
O InnovPlantProtect é uma iniciativa da Universidade Nova de Lisboa (UNL) liderada pelo centro de investigação GREEN-IT do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, em cooperação com outras unidades científicas da UNL.
Gerido por uma associação privada sem fins lucrativos, o laboratório tem como parceiros a Câmara Municipal de Elvas, o INIAV, o Centro de Biotecnologia Agrícola e Alimentar do Alentejo, organizações de produtores de cereais, legumes e frutas e empresas farmacêuticas, de biotecnologia e de sementes e forragens.
Em comunicado, o InPP adianta que pretende igualmente encontrar soluções para controlar as pragas da drosófila-de-asa-manchada, conhecida como mosca do vinagre, que ataca frutos, da larva-alfinete (diabrótica), que atinge as raízes do milho, da traça da Guatemala, "cujas larvas constroem galerias nos tubérculos da batata", e do percevejo asiático, que tem "causado importantes estragos nas culturas" agrícolas na Europa.
O laboratório realça que estas pragas, como as doenças fúngicas e bacterianas mencionadas, "são motivo de grande preocupação", uma vez que "não existe atualmente nenhuma planta resistente e os pesticidas que as poderiam controlar estão a ser retirados do mercado", atendendo aos "seus níveis de toxicidade" e por afetarem insetos e "outros organismos benéficos para o meio ambiente".
Uma das frentes de ataque do InPP consiste no desenvolvimento de pesticidas biológicos (sem substâncias tóxicas) contra doenças e pragas "para as quais não existem soluções no mercado" e que atingem culturas agrícolas em Portugal e noutros países com clima mediterrânico, como as do arroz, tomate, pera, trigo, milho, vinha e olival.
Numa outra frente, o laboratório vai usar tecnologia de edição do genoma (informação genética) para criar variedades de plantas resistentes a doenças e pragas, "muitas delas" provocadas, segundo Pedro Fevereiro, pelas alterações climáticas.
O InPP irá ainda prestar "serviços que permitirão seguir a progressão de novas pragas e doenças e criar modelos que ajudem a prever, a diagnosticar e a monitorizar" a sua evolução, com base em dados climáticos, de satélite, de solo ou fornecidos localmente pelos agricultores.
Citado em comunicado, o diretor do laboratório salienta que os agricultores poderão, no caso de "estar previsto o aparecimento de uma nova praga num período próximo", escolher "a altura mais adequada para o tratamento e a colheita".
O InnovPlantProtect compromete-se também a desenvolver "métodos eficientes de diagnóstico de pragas que aparecem numa determinada exploração agrícola", uma vertente para qual "ainda existem escassos serviços em Portugal".
No final, a missão do laboratório "é aumentar a sustentabilidade do sistema de produção de alimentos" com recurso a novas tecnologias, justifica Pedro Fevereiro no comunicado do InPP.
Em Portugal existem 26 laboratórios colaborativos aprovados.
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