As propriedades terapêuticas dos canabinoides são conhecidas há décadas, mas só nos últimos anos, fruto das alterações legais em vários países e da mudança de posição da Organização Mundial de Saúde, o seu uso no tratamento de algumas doenças tem ganho popularidade, com muitas empresas a investir em fármacos e cosméticos que os integram. Em Portugal, a pouca clareza da lei e a burocracia fazem com que tudo se passe mais devagar.
Uma situação que Bruno Maia, meurologista no Hospital de São José, em Lisboa, contesta. "Neste momento, estamos num limbo legal, que não só não tem o canabidiol como suplemento alimentar, como não o tem como medicamento", lamenta o médico em entrevista à edição de outubro da revista feminina Saber Viver, já nas bancas. Para contrariar esta situação, são muitos os que adquirem diretamente o produto através da internet.
"Na prática, têm de o importar, o que significa, por sua vez, que estas pessoas incorrem no risco de ver o seu canabidiol apreendido na alfândega", sublinha o especialista. "Se isso é pouco provável se a encomenda for feita a um país da União Europeia, é altamente provável se a encomenda for feita aos Estados Unidos da América, em que as probabilidades da encomenda ficar retida são de 50%. Isso tem custos não apenas monetários, mas também para o doente, que pode ficar sem a medicação durante um certo período de tempo, o que lhe pode ser prejudicial", critica ainda o médico neurologista, defensor da utilização de substâncias canabinoides.
"Pôr o Infarmed verdadeiramente empenhado em aprovar as substâncias de canábis que já estão a candidatar-se a entrar no mercado português" é a solução que defende. "É preciso que o Infarmed deixe de ter uma barreira burocrática imensa e comece a pensar mais nos doentes que precisam da canábis e ponha toda a eficácia e toda a sabedoria que tem para os medicamentos convencionais ao serviço da canábis", apela mesmo Bruno Maia.
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