“É ainda prematuro fazer uma avaliação completa da gravidade da Ómicron e são necessários mais dados/estudos de investigação”, afirma o ECDC, numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

A agência europeia de aconselhamento aos países ressalva que “a acumulação de resultados clínicos leva geralmente várias semanas a concluir sobre o impacto de uma variante específica nas admissões hospitalares, necessidade de cuidados intensivos e mortes”, contextualizando que “a imunidade prévia à infeção natural e/ou vacinação e melhores opções de tratamento contribuirão para resultados menos graves da infeção subsequente”.

Isto significa, segundo o centro europeu, que “o verdadeiro risco de infeção grave pode ser subestimado pelo grande número de pessoas vacinadas ou anteriormente infetadas, o que não era o caso no início das vagas precedentes” causadas por variantes do SARS-CoV-2 anteriores como a Beta (identificada no Reino Unido) ou a Delta (detetada na Índia).

“É também essencial ter em conta a idade relativamente jovem da maioria das pessoas que foram infetadas com a Ómicron até à data”, salvaguarda também o ECDC, aludindo aos contágios pela variante identificada inicialmente na África do Sul.

Para os especialistas desta agência europeia, “os primeiros resultados podem não representar toda a vaga [atual] e o perfil clínico da Ómicron pode mudar com as próximas provas”.

Além disso, estes responsáveis avisam que “a combinação de uma maior taxa de crescimento e evasão imunitária indica que qualquer vantagem que a Ómicron possa oferecer em termos de gravidade pode ser ultrapassada pelo aumento das taxas de infeção da comunidade, levando a uma carga substancialmente adicional para os hospitais, enquanto que os cuidados primários podem ser sobrecarregados ainda mais do que durante as vagas anteriores”.

“À medida que se acumulam mais provas, a avaliação dos resultados clínicos e das consequências a longo prazo, tais como a condição pós-covid-19, será viável”, adiantam.

Questionado sobre a posição de alguns especialistas que veem a Ómicron como um caminho para o controlo da pandemia, com imunidade coletiva, o ECDC diz à Lusa que “não existem provas nem razões para supor que esta será a última variante de sucesso do SARS-CoV-2, nem que a imunidade da população adquirida através da infeção e vacinação será suficiente para proteger contra a transmissão ampla de uma possível nova variante evadindo a imunidade contra as variantes dominantes anteriores”.

“Embora a imunidade adquirida anteriormente pareça conferir proteção contra doenças graves, é altamente incerto se esta se irá manter contra futuras variantes altamente transmissíveis”, afirma ainda este centro europeu à Lusa.

A posição do ECDC surge numa altura de elevado ressurgimento de casos por infeção com o SARS-CoV-2, que ainda assim não se traduz em mais internamentos ou mortes.

Isso também se deve à cobertura vacinal, que é de 68,5% para a população total na União Europeia e de 79,9% para os adultos europeus, de acordo com dados do ECDC.

A contribuir para o elevado número de casos, que batem máximos, está a elevada transmissibilidade da variante de preocupação Ómicron.