Seja através do Plano Nacional de Vacinação (PNV) ou de vacinas recomendadas pelos médicos assistentes, é cada vez mais importante investir na prevenção de doenças graves.

A vacinação deve ser uma prioridade em todas as faixas etárias, uma preocupação que devemos começar a ter logo nos primeiros meses de vida.

Desde o início da pandemia que a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem vindo a reforçar a importância do cumprimento das vacinas do plano.

O primeiro ano de vida é particularmente importante, pois é nessa altura que as crianças são imunizadas contra doenças graves e potencialmente fatais. Felizmente, podem ser prevenidas através de vacinação. Hoje destacamos cinco dessas doenças – sarampo, meningite, rubéola, pneumonia e papeira – relembrando que a aposta na vacinação poupa vidas e será sempre preferível aos custos da cura de qualquer uma delas.

Sarampo

O sarampo é uma infeção provocada por um vírus. Entre os sintomas mais comuns do sarampo encontramos febre e mal-estar, tosse, conjuntivite, corrimento nasal e manchas vermelhas dispersas na pele. É transmitido por contacto direto com gotículas infeciosas ou por propagação no ar – por exemplo, quando alguém infetado tosse ou espirra. É, na maioria dos casos, uma infeção benigna, mas pode revelar-se grave, deixar sequelas neurológicas ou mesmo levar à morte. A vacina para o sarampo está no PNV para crianças e adultos que ainda não tenham sido imunizados.

Meningite

Infeção grave e potencialmente fatal, a meningite deve ser outra das nossas prioridades no que à vacinação diz respeito. Qualquer pessoa a pode contrair, mas as crianças pequenas e os adolescentes correm risco acrescido. São seis os serogrupos da meningite meningocócica (a forma mais grave e mais comum da doença) – A, B, C, W, X e Y – e todos podem ser contraídos da mesma forma: por via aérea, por proximidade física, nas gotículas presentes nas secreções respiratórias, na tosse, nos espirros ou nos beijos, por exemplo. Entre os sintomas mais comuns encontramos febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vómitos, irritabilidade, confusão mental, estado de cansaço extremo, agitação psicomotora, rigidez da nuca, erupções da pele e choro agudo.

A meningite tem uma taxa de mortalidade de 10%. Na sua forma mais grave, pode levar à morte nas primeiras 24 a 48 horas. Apesar de ser uma doença rara, temos assistido ao crescimento de casos do grupo B um pouco por toda a Europa. Devemos também estar atentos ao crescimento discreto, mas rápido, do grupo W. Em Portugal, são múltiplas as vacinas disponíveis para prevenir os diferentes serogrupos, seja no PNV ou extra-Plano Vacinal.

Rubéola

Infeção viral contagiosa, a rubéola caracteriza-se por erupções rosa pálido, lisas e regulares e de distribuição rápida na pele acompanhadas de gânglios palpáveis e dolorosos na zona posterior do pescoço e nuca. Para além de febre baixa, são sintomas complementares da rubéola dor de cabeça, mal-estar, conjuntivite ligeira, inflamação e corrimento nasal, dor articular, falta de apetite, dor a engolir e tosse. Transmite-se por contacto direto com uma pessoa infetada com o vírus ou pelo contacto com secreções nasofaríngeas por dispersão de gotículas de pessoas infetadas.

A rubéola pode ter consequências devastadoras antes de um nascimento. Uma mulher infetada nas primeiras 16 semanas de gravidez tem grande probabilidade de passar essa infeção ao feto, infeção essa que pode causar abortos espontâneos, nados-mortos ou nascimentos com deficiências congénitas graves. A vacina contra a rubéola está no PNV.

Pneumonia

Uma pneumonia é uma inflamação dos pulmões, geralmente causada por infeção. Pode ser causada por diferentes agentes infeciosos, incluindo vírus, bactérias e fungos. O pneumococo é a bactéria mais frequente quando se trata de pneumonia bacteriana designada de pneumonia pneumocócica. Transmite-se por contacto direto com as secreções respiratórias de um doente ou portador saudável.

Tosse com expetoração, febre, calafrios, falta de ar, dor no peito quando se inspira fundo, vómitos, perda de apetite e dores no corpo são sintomas possíveis da Pneumonia. A pneumonia pode mesmo surgir como complicação de uma gripe. A vacinação antipneumocócica é a forma mais eficaz de prevenir a pneumonia. Está no PNV para todas as crianças nascidas a partir de 2015 e alguns grupos de risco, e está recomendada a todos os adultos que sofram de algumas doenças crónicas ou que, por alguma razão, tenham um sistema imunitário mais fragilizado.

Papeira

Transmissível entre pessoas (geralmente através da tosse, dos espirros e da saliva, ou pelo contacto com objetos e superfícies contaminadas), a papeira ou parotidite é de causa viral e aguda. A manifestação mais comum da papeira é o inchaço de uma ou de ambas as parótidas – as glândulas da salivação que se encontram na zona da mandíbula, abaixo dos ouvidos. Os sintomas iniciais de uma papeira caracterizam-se por dor de cabeça, perda de apetite, mal-estar e febre. O vírus ao atingir as glândulas salivares, causa aumento da febre para temperaturas elevadas que persiste por um período que pode durar de 24 a 72 horas.

Cerca de um terço dos doentes apresentam sintomas respiratórios moderados. Uma papeira pode complicar-se quando a infeção passa para outros órgãos, sobretudo se envolver o testículo e ou o sistema nervoso central, causando orquite, meningite e encefalite.

Desde o aparecimento da vacina, no final da década de 60, que o número de casos reduziu drasticamente. Em Portugal, a vacinação contra a papeira está no PNV e é a forma mais eficaz de prevenção desta doença.

Os cinco exemplos acima descritos são uma pequena parte do que podemos prevenir, logo no primeiro ano de vida, mas a par destas, outras vacinas há, igualmente importantes. Estão recomendadas, dentro e fora do Programa Nacional de Vacinação.

Pelo bem dos vossos/nossos filhos, pelas nossas famílias e por toda a comunidade, sempre que possível, devemos apostar na prevenção. Mais do que o ato individual, a vacinação é um ato de proteção coletiva. Lembre-se: prevenir será sempre preferível a arriscar uma vida ou uma cura.

Um artigo do médico Rui Costa, especialista em Medicina Geral e Familiar, Coordenador do GRESP - Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF - Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.