28 de março de 2014 - 14h45

A
formação de depósitos nas artérias, ou aterosclerose, um sinal
antecipado de doença cardiovascular, é muito mais comum em mulheres que
tiveram quatro ou mais filhos do que em mulheres que só tiveram dois ou
três, revela o estudo apresentado numa conferência do Colégio Americano
de Cardiologia.

O estudo não explica por que motivo isto
acontece, mas os investigadores dizem que os resultados podem ajudar a
desenvolver rastreios e intervenções para as mulheres com vários filhos,
que podem não ter noção dos riscos cardiovasculares acrescidos.

"A
gravidez é considerada uma ocasião monumental na vida de uma mulher e
normalmente é pontuada pelo nascimento de um filho. No entanto,
recentemente percebeu-se que a gravidez também pode funcionar como uma
bola de cristal, permitindo ver o futuro risco cardiovascular de uma
mulher, e que as mudanças associadas à gravidez podem ter um impacto de
mais longo prazo na saúde da mulher", disse a jornalistas a
investigadora Monika Sanghavi, cardiologista no Centro Médico da
Universidade do Texas.

O estudo é o primeiro do género a analisar
sinais precoces da acumulação de depósitos que podem acabar por bloquear
o fluxo sanguíneo e levar a acidentes vasculares cerebrais ou a
enfartes.

O estudo abrangeu mais de 1.600 mulheres no Texas com 45 anos em média e 55% das quais negras.

Os níveis mais baixos de aterosclerose foram encontrados nas mulheres que tinham tido dois ou três filhos.

A
prevalência de aterosclerose subclínica em mulheres com dois a três
filhos era de 11%, enquanto nas mulheres com quatro ou mais filhos subia
para 27%.

Os investigadores descobriram também níveis elevados –
15% - de endurecimento das artérias em mulheres que nunca tinham tido
filhos ou que tinham apenas um.

A gravidez provoca uma série de
mudanças no corpo – mais sangue em circulação, mais resistência à
insulina, maiores níveis de colesterol – e os investigadores querem
explorar se algum destes fatores contribui para uma pior saúde
cardiovascular em algumas mulheres.

Nas mulheres sem filhos ou
com um filho apenas, por exemplo, Sanghavi e os colegas consideram
necessário mais investigação para perceber se existe algum problema que
as impede de engravidar e simultaneamente as predispõe para as doenças
cardiovasculares.

Lusa