"O risco de saúde pública pode tornar-se alto se esse vírus explora a oportunidade de se estabelecer como um agente patogénico humano e se espalha para grupos com maior risco de doenças graves, como crianças pequenas e pessoas imunossuprimidas", afirmou a OMS em comunicado.

A 26 de maio, um total de 257 casos confirmados e 120 casos suspeitos foram relatados em 23 estados-membros que não são endémicos para o vírus, disse a agência de saúde em nota de imprensa. Não houve qualquer fatalidade relatada até ao momento.

A OMS também disse que o súbito aparecimento deste tipo de varíola em vários países não endémicos sugere a transmissão por algum tempo e eventos amplificadores recentes.

A agência acrescentou que espera que mais casos sejam relatados à medida que a vigilância em países endémicos e não endémicos se expande.

A maioria dos casos relatados até agora foram detetados na Reino Unido, Espanha e Portugal. O vírus Monkeypox provoca uma doença infeciosa que geralmente é leve, e é endémica em partes da África Ocidental e Central.

"A grande maioria dos casos relatados até agora não tem estabeleceram ligações de viagem para uma área endémica e foram rastreados através dos cuidados primários ou de serviços de saúde sexual", referiu aquela agência da Organização das Nações Unidas.

Em Portugal, há pelo menos 74 casos confirmados de infeção humana por vírus Monkeypox, segundo dados da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Sinais de alerta

Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), os indivíduos que apresentem erupção cutânea, lesões ulcerativas, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, devem procurar aconselhamento clínico. Ao dirigirem-se a uma unidade de saúde, deverão cobrir as lesões cutâneas.

"Reforçam-se as medidas a implementar perante sintomas suspeitos, devendo os doentes abster-se de contacto físico direto com outras pessoas e de partilhar vestuário, toalhas, lençóis e objetos pessoais enquanto estiverem presentes as lesões cutâneas, em qualquer estadio, ou outros sintomas", explica a DGS que continua a acompanhar a situação a nível nacional em articulação com as instituições europeias.

Como se deteta?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença deve ser detetada com um teste PCR porque os testes antigénicos não são capazes de determinar se é o vírus da varíola símia ou outros vírus da mesma família. As melhores amostras para diagnóstico são provenientes de lesões, exsudatos (líquido produzido pela ferida) ou crostas de lesões.

A doença é - segundo a OMS - uma zoonose viral rara (vírus transmitido aos humanos por animais), cujos sintomas são menos graves do que os observados no passado em indivíduos com varíola.

Com a erradicação da varíola em 1980 e a posterior descontinuação da vacinação, este ortopoxvírus emergiu como o vírus mais importante do género.

A doença foi detetada pela primeira vez em humanos em 1970 na República Democrática do Congo. Em 2003, casos foram confirmados nos Estados Unidos, marcando o primeiro aparecimento desta doença fora de África. A maioria esteve em contato com cães domésticos, infetados por roedores africanos importados.

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