“Eu espero que no mês de abril, na pior das hipóteses no mês de maio, façamos o concurso de colocação dos especialistas que terminaram a agora sua especialidade (…) e espero que isso nos permita contratar cerca de 200 médicos”, disse Manuel Pizarro na comissão parlamentar de Saúde, onde está a ser ouvido a pedido do PCP “para obter esclarecimentos quanto à falta de profissionais em cada entidade de saúde que integra o SNS, o programa previsto pelo Governo para assegurar a dotação nos serviços dos profissionais em falta e valorizar as suas carreiras”.
O ministro respondia a questões levantadas pelo deputado do PCP João Dias sobre a falta de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em que afirmou que o número de utentes sem médico de família aumentou para 1.603.000, mais 56.000 face a 15 de março.
João Dias da Silva defendeu que seriam precisos cerca de 7.000 médicos para atender às necessidades, notando que em 15 de março havia 5.482 médicos de medicina geral e familiar e hoje são 5.437, menos 45 médicos “só em 20 dias”.
Manuel Pizarro afirmou que o número de utentes sem médico de família também se deve à falta de atualização de ficheiros, que conta ter concluída no final do primeiro semestre.
“Daí derivará uma melhoria nos números”, referiu, ressalvando que não nega a dificuldade de o SNS assegurar uma equipa de saúde familiar a todos os portugueses e de haver “um número muito grande de portugueses que não têm hoje cobertura adequada de cuidados de saúde primários”.
“Daí até que possamos extrapolar com dados de há três semanas com dados para depois de três semanas, com franqueza, não me parece que isso seja justo, porque o que acontece naturalmente é que durante ao longo dos meses, nós temos o efeito da perda de profissionais que se vão reformando e isso ainda vai acontecer em 2023 e ligeiramente em 2024, e só de tempos a tempos é que há os processos de admissão que vão minorar essa situação”, comentou.
O ministro disse ainda ter “muita expectativa” que a conclusão das negociações que estão em curso com os sindicatos médicos a respeito da reformulação da carreira médica “chegue a bom porto” e permita uma compensação mais adequada aos profissionais e com isso resolver uma parte dos problemas de recrutamento.
Destacou ainda que o SNS tem em todas as especialidades médicas “mais recursos humanos” do que alguma teve, mas o que se passa é que a necessidade de profissionais é cada vez maior.
“Quando transformamos doenças que eram rapidamente fatais em doenças crónicas, onde as pessoas mantêm boa qualidade de vida, isso exige muito mais profissionais para fazer esse acompanhamento”, comentou.
Por outro lado, apontou o “problema seríssimo da excessiva concentração de cuidados no serviço de urgência”.
“Nós temos um completo desequilíbrio do sistema, que consome recursos monumentais no serviço de urgência, onde temos um afluxo de pessoas muito superior àquilo que é normal”, disse, observando que Portugal tem cerca de 600 idas à urgência por 1.000 pessoas por ano e a generalidade dos países europeus andam em torno das 350.
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