“Não temos os problemas todos resolvidos”, reconheceu o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que falava aos jornalistas, ao princípio da noite de sábado, em Coimbra, à margem de uma sessão comemorativa do 39.º aniversário do SNS. “Todos os dias [o SNS] é um desafio e, portanto, o que é preciso é fazer política com humildade, mas também não ter ilusões de que há pessoas que todos os dias atacam o SNS apenas e só para o desgastar para depois aparecerem propostas como as que vimos a semana passada”, sustentou.

10 conselhos de um médico para ter uma saúde de ferro
10 conselhos de um médico para ter uma saúde de ferro
Ver artigo

Com essas propostas, “num quadro de resignação política”, esses críticos pretendem, “no fundo, desistir da reforma do SNS por dentro da sua função de serviço público para depois poder privatizar”, acrescentou.

Mas “nós continuamos com muita determinação, com muita exigência, sobretudo falando com os portugueses”, que “sabem o que estamos a fazer pelo país e aquilo que temos de fazer”, assegurou Adalberto Campos Fernandes.

Crítica enviesada?

A crítica “é necessária e é bem-vinda”, mas “é preciso ver qual é a natureza da crítica, porque quem nunca tem uma palavra para com aquilo que corre bem – que é felizmente a maioria das coisas –, quem tem uma estratégia de desgaste diária, [para dar] a ideia que existe uma degradação do serviço”, quer, “provavelmente, abrir espaço e caminho para que, depois, apareçam propostas políticas que naturalmente digam que a função do SNS de natureza pública não funciona e o melhor será privatizar”, afirmou.

“Nós não vamos por aí”, garantiu o ministro, sublinhando que ele o Governo querem “um SNS que honre o espírito do seu fundador”, António Arnaut (que hoje também foi homenageado em Coimbra, durante a mesma sessão), e que “respeite a Constituição da República Portuguesa”, sublinhou.

Custa muito mais defender o SNS reformando-o “por dentro, dentro da esfera pública, como ele tem de ser”, do que “passar tudo para fora e, como um passe de mágica, criar um SNS a duas ou a três velocidades, em que os mais pobres ficarão seguramente muito pior defendidos”, afirmou Adalberto Campos Fernandes.

“Não é um lamento”, mas este Governo recebeu “um SNS que estava exausto, exaurido em termos de investimento, com necessidade de recursos humanos e de investimento – que são reconhecidos” e “temos de estar todos os dias a fazer um esforço para reconstruir esse património”, esse “serviço que os portugueses tanto apreciam”, disse o ministro da Saúde, sublinhando que “finalmente, no último ano da [atual] legislatura” a saúde terá o maior orçamento de sempre.