“A ideia é fazer-se uma agência de financiamento, como têm surgido noutros pontos da Europa, reunindo o esforço público e privado, partilhados igualmente”, afirmou Manuel Heitor, que falava aos jornalistas na primeira edição da Gago Conference, evento que hoje reúne, no Porto, investigadores e decisores para debater políticas de saúde na área do cancro.

Estes são os sintomas de cancro mais ignorados pelos portugueses
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A criação de uma agência de financiamento para a investigação clínica será debatida no Conselho de Ministros na próxima quinta-feira, que será dedicado à Ciência.

“Estamos hoje aqui a antecipar, com um conjunto de cientistas, com o comissário europeu e líderes europeus, como é que Portugal pode acompanhar o grande desafio de até 2030 três em cada quatro doentes de cancro tenham perspetivas de vida longa”, sublinhou.

Segundo Manuel Heitor, “é preciso investir, reunir um esforço público e privado e é isso que tem sido debatido nos últimos seis meses para se criar um mecanismo novo em Portugal de financiar e de avaliar os chamados centros académicos clínicos”.

Aproximação às melhores práticas da Europa

“Há um ano criámos com o Ministério da Saúde, com as escolas médicas, com os centros de investigação biomédica e com unidades de cuidados de saúde o chamado Conselho Nacional dos Centros Académicos Clínicos e, agora, vamos dar mais um passo na formalização desses centros académicos e na orientação para a criação de uma agência que possa avaliar e financiar e, assim, podermos aproximar-nos da Europa”, referiu o ministro.

Justificando a criação de uma nova agência quando já existe a Fundação para a Ciência e Tecnologia, Manuel Heitor disse que “esta área clínica tem mecanismos próprios de avaliação e de financiamento, é uma especificidade tão característica da própria atividade de investigação que muitos países, nomeadamente do centro e norte da Europa, já especializaram os mecanismos de financiamento e avaliação na área, criando agências especializadas”.

“É esse o passo que estamos a dar, de especializar o nosso sistema de financiamento e avaliação na área clínica”, disse o ministro da Ciência, acrescentando que se pretende uma aproximação da Europa, seguindo as melhores práticas, e este “é um passo decisivo” para melhorar a relação entre o sistema científico e o Serviço Nacional de Saúde.

O ministro disse ainda que Portugal vai integrar, através do Porto.Comprehensive Cancer Center – consórcio entre o I3S e o IPO-Porto que agrega 24 grupos de investigação – a mais importante rede europeia de investigação em cancro, o Cancer Core Europe.