O Sistema Nacional de Saúde é um pilar fundamental para a prestação de cuidados de saúde acessíveis e eficientes. No entanto, uma das principais áreas em que este pode melhorar é na partilha de informação clínica entre os seus diferentes intervenientes. A falta de comunicação eficiente e a ausência de um sistema robusto de partilha de informação tem consequências negativas para os utentes, profissionais de saúde e para o próprio sistema.
A partilha efetiva de informação clínica traz diversos benefícios para todos os envolvidos no processo de prestação de cuidados de saúde.
Em primeiro lugar, permite uma melhor coordenação do tratamento e seguimento dos utentes. Com acesso rápido e completo ao histórico de saúde de um utente, os profissionais de saúde podem tomar decisões mais informadas e personalizadas, evitando duplicação de exames e prescrição inadequada de medicamentos. Além disso, a partilha de informação clínica facilita a transição suave entre diferentes níveis de cuidados, como a passagem de informação dos cuidados de saúde primários para os cuidados de saúde hospitalares, garantindo uma continuidade adequada no tratamento.
Em segundo lugar, a partilha de informação clínica promove a segurança do utente. Erros médicos e eventos adversos muitas vezes resultam da falta de acesso a informações cruciais sobre a condição do utente, alergias a medicamentos ou tratamentos anteriores. Com um sistema de partilha de informação eficiente, os profissionais de saúde podem tomar decisões mais seguras, reduzindo os riscos associados à falta de informação.
Por fim, a partilha de informação clínica tem benefícios em termos de eficiência, economia de custos, melhoria de gestão de recursos e permitindo uma melhor alocação de profissionais de saúde e equipamentos.
Apesar dos benefícios claros, existem desafios significativos na implementação de um sistema eficiente de partilha de informação clínica. Um dos principais desafios é a interoperabilidade dos sistemas de informação existentes em diferentes unidades de saúde. Muitas vezes, as variadas instituições de saúde utilizam sistemas de informação incompatíveis entre si, dificultando a troca de dados. Além disso, existem preocupações legais e éticas em relação à privacidade e segurança dos dados do utente, o que exige uma abordagem cuidadosa na implementação de soluções de partilha de informação.
Para superar estes desafios e melhorar a partilha de informação clínica é essencial padronizar os sistemas de informação. É fundamental estabelecer padrões e diretrizes para os sistemas de informação utilizados, garantindo assim a compatibilidade e interoperabilidade dos sistemas, permitindo uma troca eficiente de dados entre as diferentes instituições de saúde.
É urgente investir numa infraestrutura tecnológica sólida para suportar a partilha de informação clínica, incluindo a implementação de redes seguras, sistemas de armazenamento de dados confiáveis e a criação de interfaces amigáveis para facilitar o acesso e a troca de informações entre os profissionais de saúde. Esta estrutura também deve garantir a confidencialidade e a privacidade das informações clínicas dos utentes, também através do consentimento informado do utente para a partilha de dados médicos.
Não só da tecnologia depende o sucesso desta missão. Os profissionais de saúde precisam de formação e treino para utilizarem os sistemas de informação, entender a partilha de dados e seguir as diretrizes éticas e legais relacionadas com a privacidade dos utentes. Deve ser instituída uma cultura de partilha de informação clínica.
Em último lugar, é necessário a colaboração e participação de todos os stakeholders da saúde. Os profissionais de saúde, os gestores de saúde, os desenvolvedores de sistemas de informação e os próprios utentes devem trabalhar em conjunto para identificar as necessidades, definir estratégias e implementar soluções eficazes de partilha de informações.
Resumindo, a partilha de informação clínica é uma necessidade urgente. Os benefícios são evidentes, incluindo uma melhor coordenação dos cuidados, segurança do utente e eficiência na utilização dos recursos. Existem obstáculos que só serão superados com o envolvimento de todos. Ao investir na melhoria da partilha de informação clínica daremos um passo importante para que a prestação de cuidados de saúde em Portugal seja mais eficiente, segura e centrada no utente.
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