O número de médicos reformados que aceitaram regressar ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) disparou desde abril, altura em que o Governo alterou as regras, permitindo, por exemplo, o regime de part-time (cerca de 20 horas semanais) e a acumulação de remunerações.

Entre 2011 e 2014, só 112 médicos tinham aceitado voltar aos hospitais e centros de saúde públicos. Nos primeiros meses deste ano foram apenas cinco, mas desde abril o valor disparou para 76, escreve a edição impressa desta terça-feira do jornal Público.

"É com satisfação que registo que 76 colegas voltaram ao serviço público desde abril, em quatro meses da nova legislação, a somar aos 116 que tinham voltado desde 2011", comentou o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, ao referido jornal.

2011 tinha sido o ano com mais médicos reformados a regressar ao SNS, num total de 64. Em 2012, foram apenas 22 e em 2013 o número caiu para dez. Em 2014 o valor ficou-se pelos 16.

Segundo as novas regras aprovadas no início do ano, os médicos podem acumular a pensão com um terço do valor das horas que vão trabalhar ou optar por receber o salário na totalidade e apenas um terço da pensão.

No entanto, as medidas dificilmente estancarão os efeitos da aposentação massiva de clínicos nos últimos anos. Desde 2010, mais de 3000 médicos pediram a reforma, sendo que 1400 saíram dos centros de saúde. Cerca de um milhão de portugueses continua sem médico de família.