“Na Medicina Intensiva este sentir [referindo-se à conjuntura atual no Serviço Nacional de Saúde] não será em lacunas de escalas de serviço ou portas fechadas. Será sim numa desumana queda de qualidade na Medicina prestada aos nossos doentes mais graves”, lê-se numa carta à qual a Lusa teve hoje acesso.

Os 36 médicos descrevem o trabalho da Medicina Intensiva, lembrando que a esta especialidade cabe acudir ao tratamento crítico nas vertentes médicas, cirúrgica e trauma, e expõem as suas preocupações.

“Serão equipas reduzidas, trabalhos avulsos, e um significado retrocesso numa das especialidades de maior progresso da profissão. Os meses que se avizinham são particularmente exigentes para a Medicina Intensiva”, referem.

Os clínicos pedem inclusive ao conselho de administração do CHUSJ que este dê conta destas preocupações à Direção-Executiva do SNS, considerando que a comunicação desta avaliação ao panorama atual é “uma necessidade imperiosa”.

Os médicos recordam que no passado este serviço correspondeu, ao se expandir “de forma extraordinária” para dar resposta à pandemia da covid-19.

“Foram incontáveis as centenas de horas extra realizadas, dia após dia, mês após mês”, acrescentam, lembrando que “em nenhum momento os intensivistas deste hospital s recusaram a trabalho adicional”.

Na carta, os médicos lamentam o que dizem ser uma “época de total desconsideração pela dedicação dos médicos”, bem como de “desvalorização pela complexidade do trabalho” e dizem que a escusa ao trabalho suplementar além do previsto na lei é “uma forma de luta, a única que neste momento se consegue fazer ouvir e sentir”.

A agência Lusa contactou o conselho de administração do CHUSJ para pedir um comentário, tendo este, sem mais adiantar, confirmado que recebeu “com atenção a manifestação de preocupação dos profissionais da Medicina Intensiva.