7 de maio de 2014 - 08h01
Os profissionais de saúde e de educação estão pouco informados sobre o cancro da pele e sentem necessidade de mais conhecimentos, revelou à Lusa um responsável da associação de cancro cutâneo, defendendo o diagnóstico precoce nos centros de saúde.
Este é um dos aspetos que a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) vai destacar hoje, durante a apresentação do programa do “Dia do Euromelanoma”, que este ano se assinala a 14 de maio.
Segundo Osvaldo Correia, secretário-geral da APCC, os profissionais de educação e de saúde têm um “nível de conhecimentos básicos” e “sentem necessidade de ter maior conhecimento da realidade dos vários cancros de pele”.
Esta conclusão resulta de um estudo efetuado em 2013 sobre “Comportamento ao sol e nível de conhecimento sobre cancros da pele dos profissionais de educação e saúde”, que será hoje apresentado.
“Nem sempre os professores colocam na prática individual” os conhecimentos sobre os cuidados a ter com o sol, assim como alguns profissionais de saúde não estão devidamente habilitados para fazer um diagnóstico precoce aos seus doentes.
Concretamente, em causa estão professores, educadores, enfermeiros e médicos de medicina geral e familiar, especificou Osvaldo Correia.
“Os médicos de medicina geral de familiar não sabem como tratar e orientar. Queremos este diagnóstico precoce no Centro de Saúde, mas também na casa de cada um: Como reconhecer o cancro da pele, identificar o risco do sinal diferente, da ferida que não cicatriza”.
A APCC já organiza cursos nesta área, para profissionais, um das quais decorre de 16 a 17 maio, é gratuito e tem inscrições abertas no seu “site”.

Mas, ainda assim, o responsável considera que é preciso fazer mais, como o dermatologista dirigir-se ao centro de saúde, ao encontro do médico de medicina geral e familiar, e dar-lhe formação para que saiba fazer o diagnóstico e o tratamento precoce.
“O melanoma em fase avançada mata, em fase moderadamente avançada, é hoje possível tratar, mas mais importante é prevenir, por comportamentos e diagnóstico precoce”, alerta, sublinhando que, “em termos de custo, o diagnóstico precoce é mais barato do que tratamento de cancro da pele em fase avançada”.
Outros estudos a ser apresentados dizem respeito ao comportamento do público em geral e dos atletas de corrida face à exposição solar.
O número de pessoas que faz desportos ao ar livre, designadamente maratonas, está a aumentar, o que “é muito salutar”, mas exige cuidados especiais de proteção, porque há uma “elevada taxa de queimaduras solares” durante a execução de uma corrida.
Os mesmos cuidados devem ter os trabalhadores ao ar livre, como agricultores ou pescadores, por exemplo, que “têm maior incidência de carcinoma por acumulação ao longo da vida de excesso de sol”.
Relativamente ao grande público, os inquéritos feitos à entrada de praias revelam uma “melhoria comportamental evidente em alguns estratos etários”, nomeadamente o respeito pelas horas em que não devem estar na praia, mas continuam a não usar chapéu, que “é a medida mais eficaz para proteção do couro cabeludo, rosto e orelhas”.
“O chapéu tem que que entrar na moda. É um meio barato e o mais eficaz”, salienta o dermatologista, apontando ainda a importância de o guarda-sol ser grande e feito de tecido não poroso, bem como as peças de vestuário.
Os jovens adolescentes continuam a ir a horas incorretas para a praia e a ignorar que o sol das esplanadas é igual ao sol das praias, acrescentou.
Durante o encontro de hoje, a APCC irá ainda divulgar dados sobre os níveis de ultravioleta em Portugal e indicar os 30 serviços de dermatologia que, no dia 14 de maio, vão realizar o rastreio de cancro da pele.
Por Lusa