23 de abril de 2014 - 09h22
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) acusou hoje o Ministério da Saúde de querer encerrar serviços hospitalares de forma arbitrária e de forçar os profissionais de saúde à mobilidade através de uma portaria sobre a classificação dos serviços.
Em comunicado, a FNAM acusa o Governo e “o seu ministro da Saúde” de desencadearem “o mais violento ataque para destruir o Serviço Nacional de Saúde (SNS)” ao publicarem uma portaria que visa “proceder ao integral desmantelamento de toda a rede hospitalar pública”.
Esta organização refere-se à polémica portaria que classifica os serviços, o que significa que alguns hospitais vão perder algumas especialidades.
“Os objetivos fundamentais desta portaria são o encerramento arbitrário de serviços hospitalares, alguns deles de elevadíssima qualidade assistencial e dotados de sofisticada tecnologia, colocar os vários setores de profissionais de saúde em mobilidade forçada, despedimento de milhares de profissionais de saúde e a diminuição acentuada da capacidade de formação de novos profissionais”, prossegue o comunicado.
A FNAM considera ainda que a medida vai levar ao “encerramento da maioria das maternidades do país” e conduzir a uma “diminuição acentuada da capacidade de resposta global do SNS”.
Segundo a organização, com esta portaria serão criadas “condições incontornáveis para uma rápida expansão das entidades privadas, à custa dos subsistemas de saúde”.
Para a FNAM, o facto de o Hospital de Santa Cruz perder valências como a cirurgia cardiotorácica torna “mais do que evidente que o Ministério da Saúde está a preparar, de facto, o encerramento” da instituição.
Na interpretação da Federação, a portaria irá levar a que “grande parte das maternidades” sejam encerradas, apesar de o ministro da Saúde, Paulo Macedo, já ter afirmado que estas instituições não serão fechadas.
“As várias declarações já emitidas pelo Ministério da Saúde e seus serviços centrais negando o encerramento de qualquer maternidade ou qualquer redução de serviços é uma atitude lamentável e revela uma chocante falta de seriedade política”, acrescenta a FNAM.
Esta organização considera que a aplicação da portaria vai impossibilitar “muitos milhares de cidadãos” de “aceder aos serviços de saúde” e apela “a todos os médicos, em particular, e aos cidadãos, para se oporem a estas novas e brutais medidas”.
Lusa