Os casos de cancro da próstata têm aumentado nas últimas décadas em todo o mundo e Portugal, onde um estudo recente apurou que metade dos homens portugueses não vão regularmente ao médico, não foge à regra. "Já é a segunda causa de morte por cancro no homem acima dos 50 anos, apenas superada pelo cancro do pulmão", alerta o médico urologista Estevão Lima, coordenador dos serviços de urologia do grupo hospitalar CUF e professor na Escola de Medicina da Universidade do Minho, em entrevista à Prevenir.
"A urologia é uma especialidade rainha em cancros, nomeadamente o da bexiga, o quarto com maior incidência em Portugal, pela ligação estreita aos hábitos tabágicos, assim como, também, o cancro do rim ou o cancro do testículo, este último como o mais frequente entre os 25 e os 35 anos. Mas, sem qualquer dúvida, a maior ameaça é a elevadíssima prevalência do cancro da próstata", refere o especialista, que avança com uma explicação para a situação. "O maior [fator de risco] é o envelhecimento, pois, com o avançar dos anos, a possibilidade de ter cancro da próstata aumenta exponencialmente", adverte Estevão Lima.
"Depois, vem a questão genética, daí ser essencial estar atento, por exemplo, à existência de um familiar direto, como seja pai ou o avô, que teve cancro da próstata antes dos 55 anos", sublinha. "Outro fator de risco é ser de raça negra, não em termos de incidência, mas porque, normalmente, os doentes dessa etnia lidam com cancros de próstata mais agressivos", esclarece. "Depois, existe uma série de fatores que ainda carecem de confirmação e vários mitos associados a esta doença", refere ainda o médico urologista.
Alguns prendem-se com a alimentação. "Sabemos, por exemplo, que populações sem o hábito de consumir gorduras saturadas ou carnes vermelhas têm uma baixa incidência deste cancro, mas precisamos de avaliar se, de facto, existe mesmo uma relação direta. O sedentarismo e a obesidade são outros problemas que podem estar associados ao cancro da próstata, mas isso ainda não está devidamente comprovado", assegura Estevão Lima, que apela à vigilância. "Os diagnóstiscos oportunos salvam vidas", garante o especialista.
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