20 de novembro de 2013 - 13h58

Mais de mil médicos dentistas portugueses estão já a exercer a profissão no estrangeiro, o que representa 10% do total destes profissionais em Portugal, segundo dados da Ordem dos Médicos Dentistas.

Em vésperas do Congresso da Ordem, que decorre entre quinta-feira e sábado em Lisboa, o bastonário Orlando Monteiro da Silva lembra que a crise económica veio adensar um problema já existente em Portugal no setor da medicina dentária.

“Temos excesso de formação nesta área. Temos sete faculdades de medicina dentária, quase o mesmo número que as faculdades de medicina, ou seja, estamos a formar demasiados médicos dentistas para a procura atual do nosso país”, justificou, em declarações à agência Lusa.

A maioria dos dentistas portugueses que decide emigrar vai trabalhar em países europeus, com especial destaque para Inglaterra, Suécia, França, Luxemburgo e países nórdicos, sendo os médicos mais jovens, e entre eles os recém-licenciados, os que optam por viver fora de Portugal.

“A crise, num setor que vive essencialmente da iniciativa privada e com as famílias a adiar consultas e a retardar procedimentos, obviamente que adensa os problemas da profissão”, sublinhou o bastonário dos médicos dentistas.

O turismo de saúde pode ser uma forma de ajudar a medicina dentária a inverter uma situação de crise, ao mesmo tempo ajuda a economia do país, admite Monteiro da Silva, lembrando que já está em vigor a diretiva que permite aos cidadãos europeus receber tratamentos noutros países mediante reembolso.

“Portugal tem excelentes profissionais, em número e em qualidade, e pode situar-se na Europa como uma plataforma de acolhimento de pessoas e de sistemas de saúde de outros países, sobretudo baseados em seguros”, considera Orlando Monteiro da Silva.

O bastonário compromete-se a ter, até ao final do próximo ano, uma plataforma eletrónica sobre os médicos dentistas portugueses que possa ser útil para os cidadãos estrangeiros.

Frisando que a relação qualidade-preço em Portugal “é muito difícil de bater na Europa”, Monteiro da Silva diz que será “normal que as próprias seguradoras internacionais e sistemas de saúde de outros países” procurem as cinco mil clínicas e consultórios portugueses para tratamentos de medicina dentária, nomeadamente reabilitações.

Quanto ao programa de rastreio ao cancro oral, que no ano passado foi anunciado pelo ministro da Saúde, o bastonário diz que a Ordem “fez o seu trabalho” e tem tudo pronto para que comece a funcionar no início do próximo ano.

“Temos os critérios para seleção de uma rede de médicos dentistas aderentes e temos uma contratualização pública já feita para um laboratório para recolha de biopsias quando for necessário”, adiantou.

No XXII Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, que começa na quinta-feira, são esperados cerca de oito mil especialistas.

Lusa