O diretor-geral da Saúde afirmou que a maior parte dos inseticidas é ineficaz contra o mosquito do dengue, mas alertou que o combate mais eficaz está em simples gestos como evitar ter recipientes domésticos com água parada.
Os estudos demonstram que os locais onde os mosquitos se multiplicam são preferencialmente os pequenos recipientes domésticos, como os pratos dos vasos das plantas, pois as amostras colhidas revelam um índice muito elevado de larvas, disse à Lusa Francisco George.
Sendo esta a fase em que o ciclo de desenvolvimento do mosquito é mais facilmente interrompido, a Direção Geral da Saúde (DGS) alerta a população para tomar medidas simples como “virar o prato ao contrário”.
“É aí que temos que concentrar esforços. Não podemos usar inseticidas químicos, porque estes mosquitos ("Aedes aegypti") são resistentes. Os inseticidas a que este mosquito não é resistente não podem ser usados por razões ambientais”, afirmou Francisco George.
Segundo o diretor-geral da DGS, há inseticidas biológicos eficazes, que têm sido utilizados pelas autoridades de saúde, à base de “Bacillos Thurigiensis”.
As primeiras populações do mosquito transmissor da febre do dengue foram identificadas na freguesia de Santa Luzia, tendo sido desenvolvido trabalho com o objetivo de os eliminar.
Além dos biológicos, foram utilizados mais três inseticidas químicos no combate aos mosquitos, mas a medida não teve sucesso “porque a natureza impôs-se e os mosquitos encontraram condições ecológicas para a multiplicação, como o clima subtropical”.
No entanto, o responsável desdramatizou, assinalando que os índices epidémicos de dengue na Madeira são muito inferiores aos do Rio de janeiro, que este ano regista 135 mil casos, e “não é por isso que as pessoas deixam de viajar para lá”.
Desde que foram confirmados os primeiros casos de dengue na Madeira (3 de outubro), sabe-se que se trata do serotipo 1 do vírus, que tem um comportamento que fundamentalmente se caracteriza por provocar muitos casos iniciais, mas de menos virulência do que outros, ou seja, atinge maior número de doentes mas é o menos grave”, afirmou à Lusa.
“A febre do dengue é muito frequente, quase sempre é benigna e não se transmite de pessoa para pessoa”, disse.
Além disso, a febre do dengue é uma infeção muito frequente a nível global: duas em cada cinco pessoas estão expostas a este risco em todo o mundo e todos os anos se diagnostica cerca de 20 casos de dengue em Portugal (casos importados).
O responsável lembrou que só algumas formas mais graves têm que ser tratadas em ambiente hospitalar, e frisou que no caso de suspeita, as pessoas com febre não devem tomar aspirina, pois esta agrava a tendência para provocar hemorragias”.
30 de outubro de 2012
@Lusa
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