O documento, hoje divulgado pelas Nações Unidas, apresenta os países da África Austral onde vivem mais crianças com menos de cinco anos que são cronicamente malnutridas, um “ranking” liderado pela Tanzânia (45%), seguindo-se Moçambique (43%), Madagáscar (42%) e República Democrática do Congo (42%) e o Maláui (37%).

Segue-se a Zâmbia (35%) e o Lesoto (34,5%), Angola (30%), Suazilândia (26%) e Zimbabué (24%).

Segundo este relatório, apenas 28% das crianças com menos de cinco anos em Moçambique e 33% em Angola tem uma alimentação minimamente diversificada para o seu crescimento e desenvolvimento.

Nesta região do continente africano, mais de 30 milhões de pessoas em 11 países (Angola, República Democrática do Congo, Suazilândia, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Moçambique, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué) enfrentaram uma crise e níveis de insegurança alimentar aguda.

Os relatores recordam que a África Austral está a sofrer as consequências da crise climática, aquecendo o dobro do ritmo global, tendo muitos países sido fustigados por múltiplos choques climáticos em 2019.

A região teve apenas duas épocas agrícolas desde 2012 e muitas zonas ainda não recuperaram do impacto do devastador “El Niño” (2015-2016).

No ano passado, Angola, Botsuana, Namíbia e Zimbabué declararam o estado de emergência devido à seca.

Em março e abril de 2019, a região foi atingida por dois ciclones tropicais consecutivos, Idai e Kenneth, que deixaram um rasto de morte, danos e destruição no Malawi, Moçambique e Zimbabué.

Esta foi a primeira vez em que dois ciclones atingiram a costa de Moçambique com um intervalo tão curto.

Na região da África Ocidental, Sahel e Camarões, mais de 12,3 milhões de pessoas em 15 países analisados estavam no ano passado em crise alimentar, o terceiro de cinco níveis definidos neste relatório.

O número de pessoas mais afetadas pela crise alimentar era mais elevado no norte da Nigéria (5 milhões), Camarões (1,4 milhões), Níger (1,4 milhões) e Burkina Faso (1,2 milhões).

Nesta região, os extremos climáticos também desempenharam um papel fundamental na segurança alimentar na região, juntamente com os efeitos dos conflitos e da insegurança.

Foram, nomeadamente, os principais impulsionadores da insegurança alimentar aguda em Cabo Verde, na Costa do Marfim, na Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Mauritânia e Senegal, onde um total de 1,6 milhões de pessoas estavam em crise ou pior.

Este relatório, elaborado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Alimentar Mundial (PAM), deverá ser apresentado hoje ao Conselho de Segurança da ONU.