“A radioterapia dói?”, “Os diferentes tipos de cancro estão relacionados com o tipo de células que estão doentes?”, “Uma criança pobre tem mais probabilidade de ter cancro do que uma criança de um contexto mais favorecido?” ou “As crianças com cancro não devem fazer exercício físico?” – são algumas das expressões que constam do jogo “Boa pergunta! Cancro pediátrico: verdades e mitos” que desafia crianças, jovens e professores a refletir.
Este foi um dos resultados do projeto 'Dreaming with Survivors' (em português ‘Sonhar com os Sobreviventes’) que o grupo Barnabés (crianças e jovens que receberam diagnóstico de doença oncológica até aos 25 anos) da Acreditar desenvolve desde 2016.
“O jogo visa desmistificar o cancro pediátrico, chegando de forma mais simples e mais rápida aos professores e às crianças”, descreveu a coordenadora do grupo, Joana Silvestre.
Em entrevista à Lusa nas vésperas do Dia Internacional das Crianças com Cancro, a responsável da Acreditar contou que o jogo foi implementado no ano passado e que, embora tenha ainda “pouco 'feedback'”, esse é “muito positivo”.
“Apesar de já se notar mais conhecimento sobre a oncologia pediátrica, existe ainda um grande desconhecimento e, às vezes, a escola é a origem deste desconhecimento”, disse.
O jogo é dedicado ao 3.º Ciclo e Ensino Secundário e, paralelamente, a Acreditar faz ações de sensibilização nas escolas, sessões às quais se junta um Barnabé sobrevivente de cancro para contar a sua história.
Além deste jogo – que a Acreditar também disponibiliza a famílias que o solicitem – o 'Dreaming with Survivors' deu origem a outros materiais e projetos.
Incluindo a sensibilização à comunidade ou a discussão que deu origem à Lei do Direito ao Esquecimento que ainda aguarda regulamentação, foram identificados outros dois grandes temas: o acompanhamento após a alta e o apoio aos cuidadores.
“Os Barnabés identificaram que todos tinham um acompanhamento muito diferentes conforme o local onde são seguidos e procuraram perceber qual o panorama na Europa. Também identificaram que os pais, enquanto acompanham os filhos, deixam o seu bem-estar de lado e isso tem impacto. Não estarem bem, inevitavelmente influencia o bem-estar das crianças e dos jovens”, sintetizou a responsável.
A associação Acreditar, criada em 1994, descreve-se como uma rede de partilha e apoio feita de crianças, jovens, pais e amigos.
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