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11 de setembro de 2013 - 11h36
Investigadores da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) demonstraram pela primeira vez que os asmáticos apresentam mais micropartículas celulares do que os não asmáticos, o que permite uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes a esta doença respiratória.
“Neste estudo fomos pesquisar as micropartículas em sangue de doentes asmáticos e verificamos um aumento de um tipo específico destas micropartículas (micropartículas plaquetárias, ou que se originam a partir de plaquetas). A grande inovação é que esta é a primeira vez que as micropartículas são exploradas na asma”, explicou Delfim Duarte, responsável pelo estudo.
Em declarações à Lusa, o investigador salientou que o estudo é preliminar, não tem atualmente aplicação clínica e deverá no futuro incluir mais doentes, mas “dá algumas pistas sobre um possível mecanismo na asma”.
“Não se pode, neste momento, falar em novo tratamento ou marcador para os doentes asmáticos, mas o objetivo será realizar mais experiências e estudos que analisem as micropartículas, por exemplo, em doentes com asma de difícil controlo”, sustentou.
As micropartículas são fragmentos das membranas de células, como células endoteliais, plaquetas ou leucócitos que, devido a diversos mecanismos, se vão acumulando no organismo. A sua presença em número elevado pode indicar a presença de determinadas doenças, como cancro, diabetes, artrite reumatoide, entre outras. No entanto, a relação entre as micropartículas e a asma ainda não estava estudada.
A equipa de investigadores dos Departamentos de Bioquímica e Imunologia da FMUP avaliou os níveis de micropartículas na asma, realizando testes clínicos e laboratoriais num grupo de 20 pacientes asmáticos e 15 não asmáticos.
O investigador principal, Delfim Duarte, disse que para além da presença de micropartículas, a equipa aferiu ainda “os níveis de inflamação e angiogénese (formação de novos vasos sanguíneos a partir dos existentes) apresentados pelos indivíduos em estudo”.
Os resultados revelaram que “os pacientes asmáticos apresentam níveis elevados de micropartículas provenientes de plaquetas e de micropartículas endoteliais apoptóticas, embora a concentração das últimas fosse menor”, referiu.
Segundo Delfim Duarte, estas observações sugerem que “as micropartículas das plaquetas poderão participar na fisiopatologia da inflamação das vias aéreas que caracteriza a asma e abrem portas à criação de novos biomarcadores”.
Os resultados acabam de ser publicados na Allergy, uma revista de reconhecido mérito na área da Imunologia.
O estudo foi financiado pela Fundação Professor Ernesto de Morais, que distingue os melhores projetos de trabalho desenvolvidos por estudantes da FMUP e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), nas áreas de Genética e Imunologia.
SAPO Saúde com Lusa
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