28 de abril de 2014 - 10h31
O Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a desenvolver um sistema simples e portátil de deteção do cancro da mama que poderá vir a ser utilizado em centros de saúde ou consultórios médicos, sem recurso a biopsia.
“Só é preciso analisar o sangue, não é preciso biopsia, é um procedimento muito simples”, explicou hoje à Lusa Hendrikus Nouws, professor adjunto do ISEP e investigador responsável pelo projeto cujos resultados preliminares são apresentados terça-feira num seminário no Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto).
O sistema assenta num biossensor eletroquímico portátil que irá analisar uma pequena amostra de sangue do paciente e detetar a presença de substâncias (biomarcadores) associadas ao cancro da mama.
A ideia do investigador é que o sistema não seja “nem muito caro, nem muito grande”, à semelhança dos mecanismos utilizados para medir a glicose em diabéticos, para que seja possível descentralizar a deteção do cancro da mama dos hospitais.
Nesta primeira fase, os ensaios com os biossensores foram feitos com amostras sintéticas, sendo a próxima fase a aplicação a amostras de doentes reais, para validação do sistema até ser possível a sua comercialização.
Hendrikus Nouws alertou, porém, que o sistema do biossensor para deteção do cancro da mama se encontra ainda numa “fase muito inicial” e que, sendo uma “área muito sensível”, faltam vários anos de testes e ensaios com amostras reais – para os quais será necessária a colaboração com o IPO – até ser validado pela própria comunidade médica.
Sensibilizar a comunidade para o projeto é também o objetivo do investigador na intervenção que fará na conferência de terça-feira, a decorrer pelas 15:00, no auditório principal do IPO-Porto e dedicada às “Perspetivas atuais e futuras da investigação do Cancro da Mama".
Esta investigação, que está a ser desenvolvida desde 2009 pelo ISEP através do Grupo de Reação e Análises Químicas e em parceria com o IPO-Porto, beneficiou de um financiamento 112 mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Ainda durante a conferência serão também abordados temas como "Estado atual do tratamento do cancro da mama", por Joaquim Abreu de Sousa, coordenador da clínica de mama do IPO-Porto, e “Terapêutica personalizada e o papel dos biomarcadores no cancro da mama”, por Noémia Afonso, oncologista médica na clínica de mama.
Lusa