5 de maio de 2015 - 14h31

O resultado da campanha contra as infeções hospitalares é “nulo”, com a percentagem de contágios a permanecer elevada, na ordem dos 11%, apesar de cada vez mais instituições de saúde aderirem à iniciativa "Medidas simples - salvam vidas", revelou uma responsável.

Os dados constam de um balanço de cinco anos da estratégia para melhoria da higiene das mãos, apresentados hoje, Dia Mundial da Higiene das Mãos.

Segundo Elaine Pina, do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e Resistência aos Antimicrobianos, Portugal tem “muito mais infeção do que seria de esperar, tendo em conta os doentes que trata”.

Entre 2009 – ano em que Portugal aderiu à campanha global – e 2012, a taxa de infeção hospitalar passou de 11,03 para 11,50 por cento, o que “não é nada”, disse Elaine Pina.

Para esta responsável, o resultado da campanha de higienização das mãos “é nulo” em termos de taxa de infeções hospitalares.

Estes resultados, que levaram as autoridades de saúde a reconhecer a necessidade de uma alteração na estratégia, registam-se apesar do crescimento das adesões ao programa.

Ao longo de cinco anos, aderiram 107 hospitais, 63 unidades de cuidados continuados e 55 unidades de cuidados de saúde primários.

Em 2009, a taxa de adesão situava-se nos 46 por cento, passando para 69 por cento em 2013.

Elaine Pina sublinhou a discrepância entre alguns valores: “Só em quatro unidades a adesão é superior aos 80 por cento, existindo unidades com pouco mais de 40 por cento de adesão”.

Ao nível dos profissionais de saúde, a taxa de adesão situava-se nos 78 por cento nos enfermeiros, 65 por cento dos assistentes operacionais, 57 por cento nos médicos e 55 por cento nos outros profissionais.

Os médicos também apresentam uma baixa percentagem de adesão à formação: 16,85 por cento, enquanto esse valor é de 44,95 por cento nos enfermeiros e parteiros, 38,76 por cento nos auxiliares de ação médica e de 23,45 por cento nos outros profissionais de saúde.

Elaine Pina manifestou-se incomodada com a utilização que é
feita dos baixos níveis de adesão dos médicos à campanha de higienização
das mãos e também da formação que recebem.

“Os médicos não têm a mesma disponibilidade, nem o mesmo tipo de horários, além de terem outro tipo de prioridades”, frisou.

Sobre
as ocasiões em que os profissionais mais lavam corretamente as mãos,
lidera o momento após o risco de exposição a sangue e fluidos corporais
(85 por cento), após o contacto com o doente (79 por cento), antes do
procedimento técnico (74 por cento), após o contacto com o ambiente
envolvente do doente (66 por cento) e antes do contacto com o doente (59
por cento).

No final da apresentação destes indicadores, Elaine Pina defendeu “uma abordagem global”.

O
uso apropriado de luvas e a higienização ambiental são duas das apostas
das autoridades de saúde para melhorarem a percentagem da taxa de
infeção hospitalar e de resistências aos antibióticos.

O Dia
Mundial da Higiene das Mãos foi instituído pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) para alertar os profissionais de saúde e os gestores para os
problemas da infeção relacionada com a falta da higienização e promover
uma discussão mais ampla sobre o assunto.

Este ano, o enfoque é
colocado no alerta "Sem ação hoje, não há cura amanhã - faz dos cinco
momentos da OMS para a higiene das mãos parte do processo para a
proteção dos doentes no combate às resistências aos antimicrobianos".

Por Lusa