
Porquê esta nova campanha?
É preciso retirar a carga emocional associada à infeção pelo VIH. Muitas das vezes o que as pessoas nos reportam é a dificuldade em terem relações afetivas de proximidade e relações sexuais com parceiros estáveis, incorrendo em relações duradouras e onde gostariam de revelar o seu estatuto serológico, mas infelizmente, o receio de serem rejeitados é maior. Daí a existência desta nova campanha da Abraço: "Indetetável é igual a intransmissível".
Por que motivo existe estigmatização do VIH/Sida?
A infeção pelo VIH está associada a fatores de culpa e vergonha. É muita das vezes associada a comportamentos promíscuos e socialmente desaprováveis. Para além disso, o pensamento de transmitir a infeção a outra pessoa compromete a vivência da sexualidade e das relações pessoais íntimas.
Como se pode combater esse estigma?
O estigma combate-se através do conhecimento, desmitificação dos mitos e retirada de cargas emocionais negativas
O estigma combate-se através do conhecimento, desmitificação dos mitos e retirada de cargas emocionais negativas. Acreditamos que esta campanha tem exatamente estes ingredientes todos: esclarece, informa e permite às pessoas que vivem com a infeção pelo VIH viverem a sua sexualidade sem o peso na consciência de poderem vir a transmitir a infeção pelo VIH a terceiros.
A incidência de VIH/Sida está a aumentar em que grupos de risco?
Existe por um lado um aumento da incidência na população dos homens que têm sexo com homens, onde a utilização do preservativo é mais difícil de ocorrer, e na população com mais de 50 anos. Não há uma explicação única para este fenómeno, havendo vários fatores que contribuem para este cenário: por um lado a falta de adesão ao preservativo, por outro fatores culturais e religiosos, por outro a desinformação e falta de resiliência emocional e autoestima.
E em que grupos a incidência de VIH/Sida diminuiu?
A principal diminuição ocorreu no grupo dos utilizadores de drogas injetáveis. São frutos desse resultado as políticas nacionais no âmbito das dependências, o programa de troca de seringas e a diminuição de consumo de drogas por via injetável.
Quais são as principais barreiras ao diagnóstico?
As principal barreira é a baixa perceção de risco. Muitas pessoas consideram que não pertencem a grupos vulneráveis, como tais como os utilizadores de drogas injetáveis, homens que têm sexo com homens ou trabalhadores do sexo. Estes grupos acham que não são suscetíveis à contração da infeção pelo VIH. Esta baixa perceção conduz a uma pior adesão ao rastreio. Por isso, apelamos a que a população em geral realize, pelo menos, uma vez na vida o teste de diagnóstico do VIH.
Quais são as principais barreiras ao tratamento?
Atualmente todas as pessoas têm acesso ao tratamento em Portugal se assim o desejarem. Desde que sejam cidadãos portugueses ou residam devidamente legalizadas em Portugal, é possível terem acesso às consultas de infeciologia e à medicação de forma gratuita. Claro que existem grupos que, devido a outras circunstâncias, é mais difícil aderirem ao tratamento, mas isso, encontra-se relacionado com outros fatores socioculturais e não relacionados com o sistema de saúde.
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