7 de julho de 2014 - 10h00

Uma equipa de investigadores europeus levou a cabo uma pesquisa que permitiu identificar 518 novas microbactérias, completamente desconhecidas, na flora intestinal humana. De acordo com a agência de notícias espanhola EFE, a investigação, na qual foi usada uma nova abordagem de análise bioinformática, permitiu ainda aumentar o catálogo de genes microbianos conhecidos, de três para dez milhões.
Os resultados desta investigação, publicados na revista especializada Nature Biotechnology, fazem parte do projeto europeu MetaHIT (Metageonomics Human Intestinal Tract), financiado em 11,4 milhões de euros para investigar como se relaciona o microbioma [população de micro-organismos que habitam o corpo] humano com a saúde e a doença.
Ao todo participaram neste estudo 13 institutos de vários países.
De acordo com o investigador espanhol Francisco Guarner, do Instituto de Investigação Vall d'Hebron, de Barcelona, nem todas as amostras estudadas possuem esta quantidade de microbactérias desconhecidas.
As amostras da flora intestinal de algumas pessoas têm muito poucas destas espécies e, analisando-as em detalhe, os investigadores perceberam tratar-se de amostras de pacientes com doença de Crohn.
"Isto sugere que estas espécies, até agora desconhecidas, são possivelmente as que marcam a diferença entre a microbiota das pessoas sãs e das doentes", afirmou Francisco Guarner. Segundo este investigador, as bactérias agora descobertas não podem ser isoladas porque "não sobreviveriam fora do cólon para poderem ser transplantadas".
Francisco Guarner assinalou que as espécies recém-descobertas "não são cultiváveis, são muito sensíveis ao oxigénio, ou seja, são anaeróbias e estabelecem uma grande dependência com o seu meio ambiente para poderem sobreviver".
Vivem cerca de 100 mil milhões de micro-organismos no corpo humano, dez vezes mais do que o número total de células humanas.

Por Lusa