O país da Europa central administrou a primeira dose da vacina a pelo menos 21,6% dos seus 9,8 milhões de habitantes, indicou o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), à frente da pequena ilha de Malta e ultrapassando em 12,3% a média dos 27 Estados-membros do bloco europeu.

No entanto, a alta taxa de vacinação da Hungria, motivada por uma estratégia que garantiu doses provenientes da China e Rússia para além das fornecidas pela UE, não conseguiu evitar um novo surto pandémico que implicou a mais elevada taxa de mortalidade ‘per capita’ do mundo em duas semanas, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.

O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán tem sido muito crítico face ao ritmo de vacinação da UE e rompeu com a aparente unidade do bloco para assegurar contratos de vacinas em direção a Leste.

A Hungria foi o primeiro país da UE a aprovar a Sinopharm da China e a Sputnik V da Rússia, permitindo um considerável aumento nos fornecimentos e tornando o país no líder do número de doses distribuídas ‘per capita’.

“Estamos numa posição muito boa, à frente da fila, e quer os russos quer os chineses estão a efetuar as entregas de forma apropriada”, disse Orbán na sexta-feira em entrevista a uma rádio.

Na semana passada, a Hungria emitiu uma aprovação de emergência para mais duas vacinas — a Convidecia, produzida pela empresa chinesa CanSino Biologics, e a Covishield, uma versão da AstraZeneca produzida na Índia — elevando para sete o número de vacinas aprovadas, o mais elevado na UE.

Apesar de os responsáveis oficiais terem sublinhado que apenas um rápido processo de vacinação poderá terminar com a pandemia, na sexta-feira Orbán referiu que a vacinação constitui “a prioridade” e “único meio de defesa contra o vírus”.

O registo positivo da Hungria nesta área não conseguiu evitar que a terceira vaga motivasse um recorde de novos casos e de mortes no país.

Hoje estavam registadas na Hungria 20.000 mortes por causas relacionadas com o novo coronavírus, a terceira pior taxa de mortalidade ‘per capita’ do mundo.

Enquanto outros países da região impuseram fortes medidas de confinamento para tentar controlar os novos surtos, a Hungria divulgou no fim de semana planos para suavizar as restrições para os próximos dias apesar do aumento do número de casos, num esforço destinado a relançar a atividade económica num país que em 2020 registou uma queda de 5,1% no seu Produto Interno Bruto (PIB).

“Não tenho dúvidas de que a Hungria terá um verão de liberdade”, disse Orbán na sexta-feira.

De acordo com os planos divulgados sábado pela publicação oficial do Governo, o comércio não essencial poderá reabrir com capacidade limitada e o recolher obrigatório noturno em vigor desde novembro será reduzido em duas horas.

Um ministro explicitou que novas medidas vão entrar em vigor após 2,5 milhões de pessoas terem recebido a primeira dose da vacina, uma situação que deverá ocorrer na próxima semana.