De acordo com Hipólito Reis, cardiologista do Hospital de Santo António e presidente da APAPE (Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Eletrofisiologia), “este novo dispositivo cardíaco marca uma nova etapa no tratamento das arritmias cardíacas ao possibilitar o implante de um pacemaker por via minimamente invasiva. Em junho deste ano, foi realizado o primeiro implante em Portugal e com estes novos procedimentos mais pessoas passam a beneficiar deste tratamento inovador. Em breve mais hospitais portugueses vão passar a disponibilizar este novo pacemaker”.

“A cápsula cardíaca é implantada diretamente no coração, sem necessidade de colocação de elétrodos ou de uma incisão cirúrgica no peito, reduzindo o risco de infeções e tempo de recuperação dos doentes, assim como qualquer sinal visível do pacemaker. Para além da facilidade na sua colocação, esta cápsula permite ainda o tratamento de algumas patologias cardíacas que de outra forma só poderiam ser tratadas com cirurgia cardíaca, uma técnica muito invasiva e com riscos acrescidos para o doente”, esclarece o especialista.

Com apenas 2,5cm – um décimo do tamanho de um pacemaker convencional – e colocado no coração através de um cateter inserido na veia femoral, o mini dispositivo fica preso à parede do coração, podendo ser reposicionado, caso seja necessário. Seguro às paredes do coração por pequenos ganchos, a cápsula cardíaca fornece impulsos elétricos que estabelecem o ritmo através de um pequeno elétrodo na sua extremidade.

Apesar do seu tamanho reduzido, o novo dispositivo tem uma bateria que dura, em média, dez anos. O dispositivo responde aos níveis de atividade do doente, ajustando-se automaticamente a cada pessoa, permitindo ainda que os seus portadores tenham acesso aos meios de diagnóstico mais avançados, uma vez que é compatível com ressonância magnética.

A colocação de um pacemaker é o método mais utilizado para o tratamento da bradicardia, uma perturbação do ritmo cardíaco caraterizada por um batimento lento. Estima-se que exista mais de um milhão de pessoas portadoras de pacemakers em todo o mundo.