6 de novembro de 2013 - 15h24
O Hospital de Santa Maria, no Porto, abriu em 1888 numa “pequenina casa” e assinala quinta-feira 125 anos num edifício de 15.000 metros quadrados, quatro pisos e mais de cem camas, ainda a ser modernizado com as “poupanças” da instituição.
“Aqui ninguém ganha. Não há acionistas, ninguém ganha dinheiro, nem as irmãs [freiras] recebem por o hospital ser delas. O que o hospital ganha, investe-se no próprio hospital”, explicou à Lusa Ludovina Ferraz, da congregação Irmãs Franciscanas Missionarias de Nossa Senhora, desde o início proprietária da unidade de saúde.
“Foram poupanças feitas ao longo de muitos anos. Já se planeava fazer uma grande obra, porque as exigências da procura dos doentes eram muitas e teríamos de dar resposta. Começamos a juntar aos pouquinhos, o hospital fez as economias possíveis ao longo de muitos anos”, descreve a também representante do Conselho Superior Provincial (entidade máxima da congregação em Portugal) e do Conselho de Administração no Hospital de Santa Maria.
É assim, “sem distribuição de lucros entre acionistas”, que se explicam as grandes obras de modernização lançadas em 2006 e concluídas em 2010, observa.
Com quatro pisos e várias alas e um bloco operatório com seis salas, a unidade de saúde está ainda a reabilitar alguns espaços.
O hospital foi criado em 1888 “para dar resposta a uma necessidade que se sentia na época”, porque no Porto “praticamente só existia o Hospital de Santo António”, justifica Ludovina Ferraz.
“Decidimos abrir uma casa para acolher os doentes que não tinham lugar no Hospital de Santo António”, esclarece a também coordenadora da enfermagem do “Santa Maria”.
O hospital começou por ser uma “pequenina casa” e a primeira doente, que lá entrou a 08 de setembro, era uma senhora cujo diagnóstico ficou por conhecer porque “estava em situação terminal” e viria a falecer “dias depois”, acrescenta a responsável.
Na quinta-feira, a instituição assinala o 125.º aniversário numa “cerimónia oficial”, mas as comemorações iniciaram-se em setembro e prolongam-se até ao fim do ano, porque até lá vão ser oferecidas “125 consultas gratuitas em várias especialidades” e “125 selos comemorativos aos primeiros colecionadores que os solicitarem”, refere uma nota de imprensa enviada à Lusa.
Apostando “na humanização da qualidade aos doentes”, o “Santa Maria” foi-se remodelando e atualmente é um espaço moderno cuja maior especialidade é a ortopedia.
“Conforme teve procura, foi-se desenvolvendo aos poucos. Hoje temos um grande hospital, temos servido muito na ortopedia. Temos muitos sinistrados, muitos atletas, jogadores, etc. Quando se trata de ossos uma grande maioria é tratado aqui”, descreve Ludovina Ferraz.
O futebolista Pepe, internacional português a jogar no Real Madrid, regressou a Portugal no início do ano para realizar uma artroscopia no Hospital de Santa Maria, refere o arquivo de imprensa da instituição na sua página da Internet.
Foi sobretudo a partir do final da II Guerra Mundial, altura em que a instituição renovou as suas instalações e o quadro clínico, que “as companhias de seguros passaram a utilizar o espaço para tratar os seus sinistrados”.
Também o desenvolvimento nas áreas da Obstetrícia e da Cirurgia Geral permitiram “criar a verdadeira escola que se tem prolongado no tempo até à atualidade”.
Lusa