“Em 2021 e 2022, o HDES já pagou cerca de 16 milhões de euros a fornecedores”, disse a secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, durante uma sessão de perguntas no parlamento regional, reunido na Horta, admitindo que “há ainda um caminho a percorrer”, no sentido da regularização da dívida.
A governante, que integra o executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, indicou que a herança deixada pelo anterior governo socialista era de “145 milhões de euros”, a 31 de dezembro de 2020.
A questão foi levantada por Nuno Barata, deputado da Iniciativa Liberal, no âmbito de uma sessão de perguntas sobre os problemas verificados em São Miguel, a maior ilha dos Açores, referindo-se, em especial, ao acesso aos cuidados de saúde e ao pagamento de dívidas a fornecedores.
“Qual é o prazo de atraso nas faturas do HDES em relação a fornecedores?”, perguntou o parlamentar liberal, adiantando que há empresários que dizem que “desde 2020 têm faturas atrasadas”, que continuam, atualmente, ainda por pagar.
Célia Pereira, deputada socialista, criticou, por outro lado, a falta de investimento do atual governo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), em matéria de recursos humanos, na ilha de São Miguel, não apenas no setor das Saúde, mas também em outras áreas sociais.
“Faltam técnicos e recursos no terreno. Falta um trabalho integrado e articulado entre os atores locais, faltam políticas sociais e sócio-sanitárias inovadoras e adequadas que São Miguel e os seus territórios prioritários, enfrentam”.
A secretária regional da Saúde garantiu que a taxa de cobertura de médicos de família aumentou na maior ilha dos Açores, desde que o atual governo de direita assumiu funções na região, passando de 85% para 95% em apenas dois anos e meio.
António Lima, do Bloco de Esquerda, entende que o executivo devia também investir na modernização dos centros de saúde da ilha, que considera “estarem na mesma”, a necessitar de “forte investimento” em matéria de conservação das infraestruturas.
José Pacheco, do Chega, manifestou preocupação com a dificuldade sentida por muitas famílias micaelenses, no acesso à habitação própria, devido à especulação imobiliária, resultante, em parte, do grande crescimento do setor turístico na ilha.
“Um casal que ganha o ordenado mínimo, neste momento, não consegue ter acesso ao crédito à habitação. Não conseguem comprar uma casa a um preço justo, a um preço que eles consigam pagar!”, lamentou José Pacheco, adiantando que esse problema constitui, hoje em dia, “um drama” para muitas famílias.
Pedro Neves, do PAN, criticou também a preferência que é dada aos turistas que visitam São Miguel, em detrimento da população residente, dando como exemplo os navios de cruzeiro, que têm prioridade no desembarque no porto de Ponta Delgada, enquanto os navios que transportam cereais têm de aguardar ao largo do porto, para poderem descarregar.
Délia Melo, deputada do PSD, referiu-se aos problemas verificados no setor da Educação, em concreto ao aumento do quadro de pessoal das escolas protagonizado pelo governo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, que permitiu garantir mais estabilidade entre professores e maior sucesso educativo.
Paulo Estêvão, do PPM, contestou o discurso “populista”, “demagógico” e “falso” que o deputado do IL trouxe ao parlamento sobre a ilha de São Miguel, lembrando que a maior ilha dos Açores é também “a locomotiva” do arquipélago, cuja população “não se revê” neste tipo de “ataques”.
Nuno Barata considera que a “locomotiva” responsável pelo crescimento dos Açores “tem arrastado vagões cada vez mais pesados”, numa alusão às restantes ilhas do arquipélago, que, alegadamente, crescem “à custa” de São Miguel, visam que é criticada, porém, por Rui Martins, do CDS.
“A locomotiva do senhor deputado Nuno Barata está desejosa de largar vagões por essa linha fora”, ironizou o parlamentar centrista, lamentando que, para a representação parlamentar do IL, “o arquipélago seja apenas São Miguel! O resto, é paisagem!”
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