“As obras estão feitas e os equipamentos estão instalados. Temos algumas valências a funcionar, desde este mês, e vamos abrindo outras”, revelou hoje à agência Lusa o diretor do novo centro, o cardiologista do HESE Lino Patrício.
Segundo o médico, este novo modelo de gestão implementado através CRI vai permitir integrar os cuidados cardiovasculares (cardíacos, vasculares e neurovasculares) numa única unidade, o que é “pioneiro em Portugal”.
“Conseguimos criar um centro especial em Évora que vai servir todo o Alentejo e que é o primeiro Centro de Responsabilidade Integrada Cardiovascular do país”, frisou o cardiologista, que também trabalha no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.
A presidente do conselho de administração do HESE, Maria Filomena Mendes, adiantou à Lusa que o hospital tem em fase de implementação, este mês, três CRI, ou seja, além deste, vão surgir mais dois, um na área Onco-Cirúrgica (igualmente inovador no país) e outro de Cirurgia de Obesidade (único no sul).
Lino Patrício explicou à Lusa que o CRI Cardiovascular, que implicou um investimento a rondar os “2,5 milhões de euros”, numa parceria entre a Siemens, a Universidade de Évora (UÉ) e a EDP Solidária, vai juntar “a investigação científica e a formação” dos profissionais e “uma melhor assistência aos doentes”.
“O CRI vai afiliar-se com outros hospitais, como o de Santa Marta, para trazer algumas técnicas também para o Alentejo e médicos que, pontualmente, venham fazer intervenções”, disse.
A unidade permitiu “criar uma segunda sala de hemodinâmica no HESE, o que permite ampliar a intervenção, não só cardíaca, mas também a intervenção na aorta, no cérebro e nos vasos periféricos”, destacou.
Em termos de equipamentos, “conseguimos adquirir um AngioTac, um TAC que permite fazer angiografias e que é topo de gama. É um TAC de 128 cortes e, fora de Lisboa, pelo menos a sul, não existe mais nenhum”, revelou o clínico.
As componentes da formação e da investigação científica são também importantes, tendo o HESE e a Universidade de Évora criado, já há algum tempo, o Centro de Inovação na Investigação e Formação em Doenças Cardiovasculares (CORE).
“Vamos poder fazer investigação e formação, aumentar para o dobro o número de intervenções cardíacas e ter pela primeira vez a possibilidade de fazer no sistema público AngioTacs coronários e vasculares com um aparelho topo de gama e de muito alta definição que só existe em sítios privados em Lisboa”, resumiu.
Por isso, segundo Lino Patrício, o CRI Cardiovascular vai permitir que “os doentes de todo o Alentejo e até de fora da região possam vir” ao HESE para as intervenções de que necessitam.
A equipa multidisciplinar, de aproximadamente 30 pessoas, “fundamentalmente gente da casa”, inclui médicos de diversas especialidades cardiovasculares (cardiologia, cirurgia vascular ou neurorradiologia), que “vão trabalhar em conjunto, o que não é muito habitual em Portugal”, assim como enfermeiros, técnicos e administrativos, disse o diretor.
“Esta ferramenta de gestão do CRI, que nos permite fazer mais desde que possamos remunerar melhor os profissionais, pode reativar este tecido humano que está a ficar escasso no Serviço Nacional de Saúde e quisemos, precisamente, criar este centro Cardiovascular no interior para mostrar que aqui e nos hospitais públicos também é possível fazer inovação e investimentos”, argumentou o diretor.
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